Um ou dois dias depois de Portugal ter cometido a feia acção de reconhecimento duma ficção de péssima qualidade chamada "independência do Kosovo", vêm dois países da região -- certamente a troco de muitos dólares e euros -- tomar posição idêntica: o Montenegro e a Macedónia. Com esta agravante: se para o Montenegro, país minúsculo mas com tradição histórica de estado independente, embora com fortes ligações à Sérvia, este reconhecimento, não parece ter outra consequência senão a indesejável e perigosa instabilidade na região, já a Macedónia, composta em grande parte por búlgaros, sérvios e albaneses, vive um equilíbrio político e étnico precário, sempre à beira do conflito armado. Provavelmente pensam que a UE é uma panaceia, que com a riqueza material, os conflitos tenderão a atenuar-se. Isto é em grande parte verdade (veja-se o separatismo violento na Europa ocidental, confinado a minorias radicais). O que me parece é que esperam todos muito da UE, como se os recursos desta fossem ilimitados; pior ainda: como se o alargamento não esteja definitivamente posto em causa, enquanto a própria União se não reformar, num sentido cada vez mais federalista... Como isso não acontecerá já para amanhã, a situação complica-se nos Balcãs, e no resto da Europa.
Portugal, como de costume, mostra a sua irrelevância e subserviência: este reconhecimento orquestrado, põe-nos na situação da Nicarágua (nada a opôr) e da Somália (tudo a opôr), países que reconheceram as "independências" da Ossétia do Sul e da Abcásia. É a este nível que estamos: da Macedónia, do Montenegro, da Nicarágua, da Somália. Quem não se dá ao respeito...
4 comentários:
Muito bem dito!
Abraço.
Mário
Viva, meu caro!
É mais uma carpidela...
Um abraço também.
Fico a pensar nisto! :)
Aquela região é do mais complexo. Muito provavelmente, os conflitos vão continuar. E as independências serão, por ali, sempre bastante instáveis.
A instabilidade decorre vários factores: crise económica, crise de identidade, nacionalismos vários e, maxime, ingerência estrangeira. A estabilidade não é para amanhã, principalmente se a UE for incapaz de ser um factor de apaziguamento, em especial nos Balcãs, como não está a ser.
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