A avó e o neto.
Durante semanas andei intrigado com aquele grupo, ao vê-lo passar sob as janelas da minha casa de campo, porque eu tinha a certeza de o conhecer de qualquer parte e não havia meio de me lembrar de onde. Um dia descobri. Conhecia-o de uma célebre poesia de João de Deus, em que mãe e filhos errantes, depois de baldadamente procurarem abrigo para passar a noite, aqui repelidos pela sentinela, além escorraçados pelos cães de guarda,
Se deitam no caminho
Até romper a manhã.
Havia também um cão -- um cão que poderia ser considerado da família, se a moral corrente nos permitisse definir o parentesco, não pelos laços de sangue entre animais da mesma espécie, mas pelos vínculos do amor entre criaturas quantas vezes de espécie diferente.
«Os dois»,
in Maria Liberta
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