quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Antologia Improvável #203 - António Graça de Abreu

DO MUITO IMAGINAR
Quando
os montes se transformarem em planícies,
secarem as águas dos rios,
cair neve em Agosto
florirem rosas no coração das nuvens,
quando tudo isto acontecer,
mais mil coisas de espantar,
então sim, deixarei de te amar.
Não é bem assim,
apenas palavras
"por virtude do muito imaginar."
Quando
chegar o dia da tranquilidade plena,
eu fechar por fim os olhos,
a escuridão suceder à luz,
o coração adormecer de vez
e eu partir na curta viagem
para o eterno vazio e o nada,
então sim, deixarei de te amar.
Não é bem assim,
mais palavras
"por virtude do muito imaginar."
Eu sei,
concluído tudo,
por veredas resplandecentes, no Céu,
vou ainda levar-te comigo,
ao encontro do musgo, da quietude e da alegria,
para, depois das lágrimas e da Terra,
te amar serenamente entre os deuses.
Terra de Musgo e Alegria

2 comentários:

Oásis disse...

Lindo!

Ricardo António Alves disse...

É verdade, Orquídea.