DESPERTAR
Ao cabo de longas horas,
Morreu-lhe o filho nos braços.
Pobre mãe! Por que não choras
Se tens a alma aos pedaços?
Pobre mãe! Por que não gritas
Se tens a alma desfeita?
Não acreditas
Na morte?
Não a sentes a mais forte
Nem quando o teu braço a estreita?
E a mãe não chora! não chora!
Levaram-lhe o filho embora
Sem que ela dissesse nada.
E a sua mão, espantada,
Leve, poisa-lhe no seio...
Mão leve poisada em cântaro
Inútil, sendo tão cheio!
Estrela Morta / Lírica Portuguesas. 3.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)
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