1) Hoje foi lançado no Centro Cultural de Cascais (Gandarinha) o livro de João Moreira dos Santos, Duarte Mendonça -- 30 Anos de Jazz em Portugal, editado pela Câmara Municipal de Cascais. Repositório essencialmente fotográfico, tem esse grande mérito de recordar uma história em que Cascais mais uma vez se destacou, graças ao sócio de Duarte Mendonça, Luís Villas-Boas. Pessoalmente, recordou-me o concerto mais recuado que a minha memória conseguiu alcançar: tinha 15 anos, e já se manifestava o pendor rocker: no Pavilhão do Dramático de Cascais -- que viria também a ser conhecido pela «Catedral do Rock», lembro-me duma tarde de blues, e da guitarra de Buddy Guy, (Buddy Guy / Junior Wells Blues Band), 11 de Novembro de 1979 (ver p. 90).
2) O jornalismo como grupo profissional sempre primou pela sua razoável indigência. A literatura tem-no referido abundantemente, basta uma referência à caricatura do Palma Cavalão, d'Os Maias. De Eça de Queirós a Fernando Pessoa, de Ferreira de Castro a José Régio, poucos terão sido os escritores de valor que não tenham de alguma maneira execrado, com verdadeiro nojo, a inanidade periodística. Também alguns plumitivos desassombrados o têm feito, como sucede com João César das Neves -- de quem normalmente discordo, mas cuja frontalidade não me desagrada. Neves, que traça um retrato negro dos media no DN de hoje, escreve o seguinte: «Ver o relato jornalístico de algo em que participámos é ficar, em geral, com a sensação de ouvir a única pessoa na sala que não percebeu nada do que ali aconteceu.» Ou como diria o Álvaro de Campos, com aquela qualidade chã dos algarvios: «Ora porra! / Então a imprensa portugueza é / que é a imprensa portugueza? / Então é esta merda que temos / que beber com os olhos? / Filhos da puta! / Não, que nem / ha puta que os parisse.»
3) A ler: José Fernandes Pereira (dir.), Dicionário de Escultura Portuguesa (dir.) (Caminho).
4) A ouvir: Rui Veloso, Espuma das Canções.
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