quinta-feira, novembro 17, 2005

Antologia Improvável #75 - Rui Knopfli (3)

CAFÉ DE PENUMBRA

Escasso como a praceta defronte,
como a ilha, como o céu estrangulado
pelo aperto dispneico das vielas.

Café de penumbra e pouca gente
antiga e parecida ao tédio da manhã.
Três funcionários públicos (guarda-
-fiscal um) e dois empregados
comerciais debitando sentenças
em surdina. Um pracista
à míngua de clientes e o lazer
de um poeta de passagem.

Na mesa dos fundos, sob o claro
quadrilátero da janela -- e para nossa
edificação -- um arabista paulatino
traduz do francês um texto urdu.

A Ilha de Próspero / Obra Poética

3 comentários:

lebredoarrozal disse...

gosto destes ambientes escuros de café, lembra-me um bocado o "meu" café de todos os dias cá em coimbra

João Villalobos disse...

Ah, sim? E qual é? Eu sou de Coimbra mas confesso que vou lá muito menos vezes do que gostaria. Nos meus tempos de «república» parava pelo Tropical.

lebredoarrozal disse...

o tropical tb é bom, eu vou lá imensas vezes, mas durante a tarde adoro o santa cruz