quarta-feira, junho 28, 2023

Portugal, uma jigajoga na guerra da Ucrânia (ucranianas CXCVI)

 

Quando se diz que uns certos falcões acreditam que uma guerra nuclear na Europa pode ser travada, sem que tal os atinja, estes criaturos do lado, senadores republicano e democrata, já anunciaram que se a Rússia lançar uma arma nuclear em território ucraniano, entrará em guerra com a Nato, ou seja, connosco, sem nos perguntarem nada, como (não) seria de esperar. Tirando os ingleses, o resto é paisagem (aposto que os alemães não foram informados da sabotagem aos Nord Stream).

Independentemente do que estes dois imbecis digam, e do valimento e peso que possam ter em Washington, o que assusta mesmo é a falta de confiança que merece a cúpula política, europeia, e muito em particular, portuguesa, a começar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que é um zero à esquerda, e a culminar no Supremo Magistrado da Nação, que saca da cartola números como o da outorga do penduricalho da liberdade ao homólogo ucraniano.

Repito-me: nunca poderemos ignorar que somos vizinhos atlânticos dos Estados Unidos e que  fazemos parte da Nato (da qual, chego agora à conclusão, deveríamos sair); ou seja, membros ou não da Nato, teremos de ter sempre relações amistosas (e já agora, construtivas) com a maior potência mundial do momento. Não ignorando o seu poder e a ausência dele da nossa parte, devemos ser inteligentes e astutos o suficiente para fugirmos à actual condição meros vassalos, como diz o Putin a respeito dos países europeus -- e diz muito bem.

Quanto à União Europeia, gerida por incapazes, somos uns meros papagaios que para lá andamos. A nossas postura pública -- que também aqui deve ser sempre construtiva -- é miserável. Não nos sabemos dar ao respeito, o respeito que exige um estado de novecentos anos, um dos construtores do mundo em que vivemos, país do Infante D. Henrique, de Bartolomeu Dias, Afonso de Albuquerque, Luís de Camões e António Vieira -- coisas que não interessam para nada, diria um neocon neoliberal. O país de Jaime Cortesão mereceria bastante mais respeito do que esta jigajoga.

Quanto à CPLP, divergimos do seu membro mais importante, e creio que também da maioria. O que distingue Portugal dos outros países europeus dá pelo nome de Brasil, mas também Angola, Moçambique, Cabo Verde, etc., em relação aos quais, especialmente os referidos, nos devemos esforçar para não estar em barricadas opostas. É algo que deve ser permanentemente alimentado, em vez de servir para tiradas fanfarronas para dignitários estrangeiros, o alardear das nossas relações especiais com África e América Latina. São tão especiais que eles muitas vezes não nos ligam nenhuma, e é bem feito.

Sem comentários: