quarta-feira, julho 06, 2016

Iraque: os inocentes têm de ser vingados

Aquilo que sempre soubemos sobre a invasão do Iraque sob falsos pretextos e os largos milhares de vidas humanas inocentes que se perderam, só é cada vez mais confirmado  pelo lento, porém inexorável, acumular das evidências e provas materiais  do crime inominável que foi cometido por bandidos que têm nome e prosseguem tranquilamente com as suas vidas: Bush (o pateta de serviço), Cheney e Rumsfield (as criaturas letais), Blair (o político sem escrúpulos), Aznar (palhaço ibérico) e Barroso (o anfitrião da Cimeira das Lajes, que a todos nos envergonha).
Este punhado de indivíduos, com responsabilidades diferentes, é certo, deveriam ser julgados em Tribunal Penal Internacional e todos condenados, com penas variáveis, evidentemente.
É claro que isso não vai acontecer: os americanos gozarão sempre de toda a impunidade que lhe será dada pelas instituições e os ibéricos gozarão também daquela impunidade que decorre da tendência, compreensível mas injusta, de não levantar ondas, de não mexer no lodo. Mas ele, o lodo, aí está, e continua. O chamado Daesh não é mais do que uma consequência.
Resta o Bliar, esse infame com as mãos sujas de sangue, tanto quanto as dos comparsas do lado de lá do Atlântico, mas que dificilmente seria o único a expiar a culpa num improvável julgamento internacional.
Resta, em nome da justiça e da memória de todos quantos morreram nessa monstruosidade engendrada sem vergonha diante dos olhos de todo o mundo, resta a esperança que este indivíduo seja levado a tribunal pelos próprios britânicos, vítimas e familiares cujas vidas foram usadas sem pudor nem piedade. Os inocentes, incluindo as vítimas iraquianas.

8 comentários:

Jaime Santos disse...

Infelizmente, pelas razões apontadas neste artigo, Blair nunca será julgado: https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/jul/05/tony-blair-in-the-dock-fantasy-wars-aggression. Os crimes pelos quais foram condenados os Nazis em Nuremberga não fizeram jurisprudência...

Ricardo António Alves disse...

Também acho que não será, a não ser pela opinião-pública, e pela sua consciência.
Obrigado pelo link, vou espreitá-lo.

Jaime Santos disse...

Sim, o Labour está em profunda convulsão também por causa de Bliar. A social-democracia parlamentar de que falava Kinnock há dias no Parlamento está moribunda na Grã-Bretanha sobretudo por causa da ignomínia iraquiana, quando era tão necessária agora. Considero a atitude de Corbyn durante a campanha do referendo vergonhosa, aparentemente terá mesmo sabotado as intervenções do Labour. Mas era preciso alguém da Esquerda para ter feito um pedido tão inequívoco de desculpas ao povo britânico e ao mundo como ele fez, honra lhe seja feita...

Ricardo António Alves disse...

Não sabia dessa...

Jaime Santos disse...

Sim, veja aqui: https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/jun/26/corbyn-must-resign-inadequate-leader-betrayal. A BBC também investigou isto. Os jovens que apoiam entusiasticamente Corbyn e a UE deveriam pensar duas vezes antes de votar nele outra vez. E parece que as velhas táticas do 'entrismo de Esquerda' que deram problema a Foot nos anos 80 (acho que havia trotskistas a querer entrar no Labour) estão agora a repetir-se. A nossa Esquerda da Esquerda (não incluo aqui o seu 'Livre' que tem defendido o que de bom tem a Europa com mais convicção que o PS) não esqueceu nada e não aprendeu nada...

Ricardo António Alves disse...

Eu não sabia que ele havia pedido desculpa pelo Labour pelo comportamento do Blair. E compreende-se o entusiasmo, quando o que tem vingado é o colaboracionismo.

Jaime Santos disse...

Bom, o entusiasmo com Corbyn é anterior ao pedido de desculpas. Mas pode vê-lo aqui: http://www.theguardian.com/politics/video/2016/jul/06/jeremy-corbyn-apologises-for-iraq-war-on-behalf-of-the-labour-party-video (eu não vi isto, só li a declaração).

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, muito bom.