quarta-feira, outubro 07, 2015

O que será para o PCP a "ruptura com a política de direita"?

Se for a recuperação da iniciativa na defesa do estado social, da dignidade do trabalho, do fim da selvajaria nos ataques ao sector público, de reparar os estragos provocados pela governação catastrófica do PSD e do CDS, então eu estou com o PCP.
Se for outra a agenda, como a exigência da saída da Zona Euro, ou da NATO, pode o PCP esperar sentado -- até porque o PS não é propriamente "Os Verdes". 
Veremos, então, mais uma vez o que é verdadeiramente importante para o PCP (e quem diz PCP, dirá também BE), e se, por sectarismo e instinto de conservação, os portugueses estão condenados a ser governados pelas forças minoritárias da direita, ou se podem esperar que a maioria no seu parlamento os represente.

(Nota: em teoria, não vejo problema -- pelo contrário -- na posição do PCP em estudar a possibilidade da saída do Euro, uma vez que ela pode-nos sempre ser imposta. Aliás, não tenho dúvidas de que o cenário foi ponderado e não deixou de estar em cima da mesa, como possibilidade.)

(Nota 2: sobre a posição que o PS deverá ter, para mim como, digamos, "não antipatizante", concordo com o que está escrito em  http://maquinaespeculativa.blogspot.pt/2015/10/e-agora-esquerda.html).

2 comentários:

Jaime Santos disse...

O PS chegou a admitir a saída do Euro num dos seus documentos de análise, o Prof. Louçã tem uma posta no Público sobre isso, se a Economia crescesse abaixo de um certo limiar. A Esquerda faria muito bem em prosseguir o trabalho já iniciado por Louçã e Ferreira do Amaral no seu último livro, porque pode ser preciso e porque se desejássemos negociar com Bruxelas, eles saberiam que o Governo Português não é tão amador como o Syriza. Mas também me parece que o problema é como é que o Bloco e o PCP vão aceitar medidas que estão no programa do PS, que afinal foi desenhado por alguém do Centro-Direita (e não há mal nisso, o problema é que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal).

Ricardo António Alves disse...

Parece-me que as declarações dos dois líderes ao fim da reunião denotam uma grande vontade de tentar um entendimento. A presença de Mário Centeno tem para mim esse dignificado; e as declarações de Jerónimo são nesse aspecto claras: o principal objectivo é evitar que a PàF forme governo. Mas Costa também já disse que não aceita as chamadas "coligações negativas".