sexta-feira, março 11, 2011

genealogia (5)

há partículas do meu sangue vindas do outro lado do estreito de
                                                                                        [tariq
guerreiros de alfange à cinta tomaram muralhas
desbarataram o rei rodrigo
e guerrearam-se entre si

sangue quente em terra quente
useiro e vezeiro no trabalho violento do gado
manadas conduzidas por léguas e léguas além tejo oeste e volta
noites dormidas onde calhava
ao relento e ao luar
noites transfiguradas pela geometria fractal dos corpos celestes

este meu sangue da barbaria
alento de macho cobridor sem maldade ou pudor
de fácil turvação à vertigem de uns olhos rasgados em tez morena
sangue berbere espalhado sem ida nem volta pelas margens
                                                               [de aquém tejo

3 comentários:

Anónimo disse...

gosto muito! o verso das noites transfiguradas é muito belo! bom.dia!

Manuel Nunes disse...

Lembrei-me de Eurico, o presbítero de Carteia. Eu nem me atrevo a comentar o poema: esta genealogia é de todos nós!

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, Alice!

Caro Manuel, eu é que não comento!...