«passámos de um mundo onde as clivagens eram principalmente ideológicas e onde o debate era incessante, para um mundo onde as clivagens são principalmente identitárias» Amin Maalouf, Um Mundo sem Regras ,p. 23.
Não concordo totalmente: por baixo da capa do combate ideológico, estava, principalmente a partir de Stalin, o velho designio imperial; os Estados Unidos oscilavam entre a doutrina de Monroe e as solicitações da sua condição de potência marítima. A clivagem a que se refere Maalouf era, porém, um facto.
Mas eis que emerge, nos ultimos trinta anos, o maior desafio de todos: as religiões ao serviço dos ressentidos, a irracionalidade pura, o preconceito pré-moderno.
A fronteira passou a estar entre os que defendem os direitos humanos (todos os direitos), sem a hipocrisia que caracterizou o mundo ocidental no século XX (e aqui incluo tambem a extinta URSS); e os que estão acantonados no particularismo, no relativismo cultural, na cega paixão de seita.
De um lado, liberdade e razão; do outro, submissão e paixão.
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