terça-feira, março 02, 2010

(incon)sequências, (ex)citações

Raul Brandão -- É o único grito que irrompe do escuro, lúgubre, aflitivo, raspado. Depois o silêncio, a mudez concentrada da noite, a nuvem negra coalhada sobre as ruínas da vila toda lavada em lágrimas. Só aquele grito ressoa na praça solitária. A Farsa (1903)
M. Teixeira-Gomes -- Complexa e admirável coisa, a vida, caro amigo, tão rica de aspectos diversos e generosos que um só, por mais mesquinho que pareça, satisfaça à actividade exploradora de uma longa existência! Para mim sempre haverá quinhão e, agora, à farta que de pouquíssimo me contento. Agosto Azul (1905)
Jaime Cortesão -- As almas abriram caminho dumas para as outras e a emoção de cada um multiplica-se pelo entusiasmo frenético da turba. Ao meu lado este grande Gavroche, que passou a vida a rir e a descrer, tem os olhos afogados em lágrimas. Uma voz vai erguer-se talvez com fria dúvida, mas a onda de fogo tudo engole. Memórias da Grande Guerra (1919)

2 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Renovadas e excelentes sugestões, RAA :)

Do Raúl Brandão, ando com vontade de ler As Ilhas desconhecidas.

Um abraço

Ricardo António Alves disse...

Também tenho esse para ler...
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