POEMA
Os bandoleiros do ar-em-liberdade
caçaram-te vivo -- como as aves.
Imbecis! Para o voo duma verdade
não há mãos, nem muros, nem caves:
Vejo-a nos pára-raios,
nas cúpulas de cimento,
nas antenas da rádio
nas flexas do catavento.
Vejo-a no quebrado mito
p'la nudez do casario
em seus golpes de granito
enterrando os cascos no rio.
Vejo-a na praga dos arrais,
à janela das velas rotas
e no menino dos cais
comendo à mesa das gaivotas.
Vejo-a nos músculos tremendos
que os guindastes encarnam no ar.
Vejo-a nos barcos com remendos
conquistando peixes ao mar.
Vejo-a na torre derradeira
e nas profundas cicatrizes
nos ramos e nas raízes
da cidade inteira:
As neblinas cerradas
a fome em bicicletas
a rodagem dos poetas
por outras estradas.
Notícias do Bloqueio #2
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