quarta-feira, março 10, 2010

(incon)sequências, (ex)citações

Aquilino Ribeiro -- --Tem que ir prantar os exorcismos a esta desinfeliz -- proferiu a ama em voz cantada de dó. -- O Demónio, que eu arrenego na morte e na vida, fez pouco dela! / Abriu muito os olhos o abade e só então se apercebeu duma mocinha -- corpo que acaba de espigar na adolescência -- que às mãos ambas cobria o rosto e soluçava. Andam Faunos pelos Bosques (1926)
Ferreira de Castro -- Ter andado de Herodes para Pilatos, batendo todo o sertão do Ceará no recrutamento dos tabaréus receosos das febres amazonenses e tranquilos sobre o presente, porque há anos não havia secas, e afinal, depois de tanto trabalho, de tantas palavras e canseiras, fugirem-lhe nada menos de três! Que diria Juca Tristão, que o tinha por esperto e exemplar, quando ele lhe aparecesse com três homens a menos no rebanho que vinha pastoreando desde Fortaleza? A Selva (1930)
Miguel Torga -- No tempo dos figos, pela fresca, a patroa viria consolar a barriga. Gostava de figos, a velhota. E sempre se sentiria acompanhado uma vez por outra. Não que fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso. A menina dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciara como a uma criança. A velha toda a vida o pusera a distância. Dava-lhe o naco de broa (honra lhe seja), mas borrava a pintura logo a seguir: -- Ala! E ele retirava-se cerimoniosamente para o ninho. Bichos, «Nero»(1940)






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