PORTO
Havia nos olhos postos o sentido
de não vencerem distâncias.
Calados, mudos, de lábios colados no silêncio
os braços cruzados como quem deseja
mas de braços cruzados.
Os navios chegavam aos portos e partiam.
Os carregadores falavam da gente do mar.
A gente do mar dos que ficam em terra.
As mercadorias seguiam.
Os ventos, dispersos na alma do tempo,
traziam as novas das terras longínquas.
Segredavam-se em noites e dias
a todos os homens
em todos os mares
e em todos os portos
num destino comum.
Os navios chegavam ao porto
e partiam...
Poesia / No Reino de Caliban II
(edição de Manuel Ferreira)
imagem daqui
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