sábado, agosto 08, 2009

O meu encontro com Raul Solnado

Há vinte anos eu era estagiário no semanário Se7e. Celebrava-se então o vigésimo aniversário do mítico «Zip Zip» e, para assinalar a efeméride, fiz uma série de entrevistas aos autores do programa: Solnado, Fialho Gouveia, Carlos Cruz e José Nuno Martins, o responsável pela lufada de ar fresco musical que então se verificou na estação dirigida por Ramiro Valadão.
Entrevistei o Raul Solnado na sua casa do Bairro Azul. Estava nervosíssimo. Era novo e tinha desde criança uma enorme admiração por ele. Ainda guardo um single, salvo erro intitulado «Cirurgia Plástica» -- Solnado ao melhor nível. Apreciava as suas posições políticas, sempre muito sensatas e verificara que era um homem culto e fino. Era uma estrela sem o menor pedantismo. A recordação dessa tarde é talvez a mais grata que guardei da minha curta carreira de jornalista. Raul Solnado foi de uma grande afabilidade e tudo fez para deixar há vontade um rapaz que não se sentia muito bem no papel de intruso, mesmo quando a intrusão era agendada.
Estive com ele mais algumas vezes, no Estoril, onde viveu por alguns anos. Mas essa tarde em que conversámos no Bairro Azul é que me ficou de lição. A grandeza nunca se exibe.
Retrato de Raul Solnado por Maluda.

9 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Sem dúvida! Ele era um dos grandes, e permanecerá grande!

Ricardo António Alves disse...

Uma figura encantadora. O ser humano no seu melhor.

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

Belo texto

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, Rita :|

A disse...

Raul Solnado era uma doçura de pessoa e um excelente actor. Subscrevo o comentário de R.R. Vasconcelos.

rose marinho prado disse...

Ele veio ao Brasil várias vezes...Era bacana mesmo...

Quem é o autor do texto, o jovem que o entrevistou? Não conheço.

Ricardo António Alves disse...

Austeriana: o que se viu hoje, a começar pelos próprios colegas de profissão, mostra isso mesmo. Um abraço.

Pois é Rose. Ouvi ontem a grande Fernanda Montenegro a falar dele. Ele tinha amigos aí. Aliás, o filho dele vivia em São Paulo. Penso que a mãe rea brasileira, mas não tenho a certeza.
O jovem era euzinho.

Ana Paula Sena disse...

Ontem não disse, mas senti e pensei, o quanto gostei de relembrar o semanário Se7e. Fui leitora assídua, durante bastante tempo. Tinha excelentes artigos sobre música.

Obrigada pela partilha das suas recordações, RAA :)

Ricardo António Alves disse...

Foi, em certas fases, um excelente jornal.
Eu é que lhe agradeço a atenção, Ana Paula :|