Dormiste em camas fofas, vestiste bons fatos, e comeste boas refeições. Quem fez essas camas? E esses fatos? E essas refeições? Não foste tu, não. Tu nunca fizeste nada com o teu próprio esforço. Vives de rendimentos que o teu pai ganhou. És como o albatroz, que rouba o peixe que as outras aves caçaram. Pertences ao número dos homens que impuseram aos outros aquilo a que chamam governo, que são donos de todos os outros homens e que comem a comida que os outros ganham e que gostariam de poder comer. És tu quem usa as roupas quentes. São eles que as fazem, mas tiritam nos seus farrapos e pedem-te emprego a ti, ao teu advogado ou ao teu procurador.
O Lobo do Mar
(tradução de João Guerreiro Boto)
2 comentários:
Um excerto onde fica claro que Jack London não se permitia facilitismos na análise social. Nem o permite ainda a quem o lê.
"O Lobo do Mar" é um livro fantástico!
Na mouche, Ana Paula!
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