Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem el mar, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque, não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como nas mulheres, pensava ele.
O Velho e o Mar
(tradução de Jorge de Sena)
4 comentários:
Uma imagem do mar quase voluptuosa.
E um livro intemporal. De um grande escritor.
O seu último tour de force.
Belo texto. Curiosa, esta questão do género.
E na pena do Hemingway é bastante sugestiva.
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