quinta-feira, setembro 25, 2008

Antologia Improvável #332 - Dick Hard

SENHOR DA ESCRAVIDÃO

Pensavas que gostava de ti
desinteressado
ingénua que tu és
ó minha amada

Venerava-te, é certo
por interesse
na ambição de consumir-te
d'empreitada

De tomar o teu corpo
a meu cargo
e só deter-me
quando ele fumegasse

De deixá-lo ressequido
mesmo amargo
ainda que ele
protestasse

E não olhar a meios
nem desígnios
para sorver o teu pólen
a tua seiva, a tua hera

Penetrar bem fundo
no teu âmago
ir até aos confins
do Infinito

Como se houvesse
um outro mundo
onde não pudesse deixar
de ser proscrito

Pensavas que gostava de ti
desinteressado
ingénua que tu és
ó minha amada

Sabes que me deliciava no teu corpo
me saciava na ideia de o ter
nada mais fazer
do que dispor

Mas sabes que dele ficava um travo
mais amargo do que tu possas saber
um ligeiro paladar chamado amor
que me transformou em teu escravo


[aliás, Luís Graça]
De Boas Erecções Está o Inferno Cheio

3 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Verdadeiramente profundo!

Ricardo António Alves disse...

É do Dick Hard!

nas asas de um anjo disse...

só mesmo o amor para tb poder trair...neste caso, ainda bem pk pela descrição, ter-se alguém p consumir e deitar fora, servindo-se da ingenuidade (algo mt habitual, infelizmente), não é bom...