Ao longo de toda a «ilha» alastrava a mesma grossa e vaga escuridão do campo. Apenas, a intervalos irregulares, algumas raras janelas, como vazias órbitas de espectros, radiavam lívidos luaceiros na absorvente espessidão da sombra. O piso, talhado no terreno natural, era um misto traiçoeiro e imundo de restos de comida, objectos de toda a sorte, cacos, barro, cisco, cascalho e lama. Na grande vala longitudinal fermentavam acidamente as podridões. Havia um cheiro acre e nauseabundo, cumulativamente a hospício, a curral e a cemitério. E dessa sórdida promiscuidade animal, dessa fruste aglomeração de miseráveis, subia para a frialdade inerte do ar, dançando nas infectas emanações de caneiro insalubres harmonias, um como surdo verrumar de febre, um atormentado e bárbaro concerto, feito ao mesmo tempo de pragas, risos, lamentações, balidos de cabras, mugidos de vacas, grunhidos de porcos, latidos de cães e choros de crianças.
Amanhã
2 comentários:
Caro amigo, caso seja do seu interesse participar no blogue da Nova Águia... queira deixar-me o seu e-mail na Caixa de Comentários do meu blogue - tenho moderação dos mesmos e não o publicarei -, que lhe enviarei um Convite.
Os melhores cumprimentos.
Agradeço-lhe muito o convite. Neste momento, porém, é-me difícil. Nem aos meus blogues consigo responder como devia. Mas prometo contactá-lo se a situação se alterar.
Saudações cordiais.
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