quarta-feira, abril 30, 2008

caderninho

O poeta representa a imaginação por meio de imagens da vida e das situações e personagens humanos, põe-nas em movimento e deixa a cargo do leitor a tarefa de permitir que essas imagens ocupem os seus pensamentos, na medida em que os seus poderes mentais lho permitem. Por isso é capaz de dotar os homens das mais diversas capacidades, quer se trate de tolos, quer de sábios. O filósofo, por outro lado, representa não a vida em si mesma mas os pensamentos acabados que dela abstraiu e exige ao leitor que pense precisamente como ele e precisamente tanto como ele. Por isso o seu público é tão pequeno. O poeta poderá, desta forma, ser comparado a alguém que oferece flores; o filósofo com alguém que oferece a essência delas. Arthur Schopenhauer
«Aforismos», de Parerga e Paralipomena (tradução de Alexandra Tavares)

4 comentários:

vieira calado disse...

Em essência, assim é.
Mas, há poetas que também são filósofos ou, pelo menos, a sua poesia encerra conceitos filosóficos.
Um forte abraço.

Ricardo António Alves disse...

É o caso do nosso Santo Antero, que tantas flores cheias de essências nos ofereceu...
Grande abraço, também.

Ana Paula Sena disse...

Excelente para reflexão!

Sim, a filosofia não está tão afastada da poesia quanto pode parecer (de acordo com a linha de Sócrates e Platão afastam-se irremediavelmente (?)).
Julgo que se unem algures... mas é importante distingui-las com rigor para não serem confundidas. Schopenhauer fê-lo brilhantemente!

Ricardo António Alves disse...

A arte poderá ser sempre um critério distintivo...