Veja só, Ánia: o seu avô, o seu bisavô e todos os seus antepassados eram esclavagistas, proprietários de almas vivas, e não será verdade que de cada ginja no pomar, de cada folha, de cada tronco, olhem para si seres humanos, será que não houve vozes... Possuir almas vivas -- isso transfigurou-vos a todos, aos que viveram antes e aos que vivem agora, a um ponto tal que a menina, a sua mãe e o seu tio já não se dão conta de que vivem com dinheiro emprestado, de que vivem por conta alheia, por conta dessa gente a quem não deixam entrar em casa para além do vestíbulo...
O Ginjal
(tradução de Nina e Filipe Guerra)
1 comentário:
Gostei muito de sua pág. sobre poetas onde cheguei ao pesquisar Gomes Leal.
V. tem o estudo de Vitorino Nemésio sobre Gomes Leal? O meu desapareceu-me...
Preciso de saber pormenores sobre o poema miserere mei
Embora não conheça faço esta solicitação no espirito de abertiura da net
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