quarta-feira, maio 10, 2023

banalidades e votos pios em Estrasburgo (ucranianas CLXXXIII)

 O Presidente da República foi discursar a Estrasburgo. Pelo resumo, ter ido ou não, dá no mesmo, apesar de aplaudido de pé pela maioria dos eurodeputados dum parlamento desacreditado. Falou do sacrifício de Julian Assange?; do exílio de Carles Puigdemont na Europa dos nossos valores?; do estranho caso duma presidente da Comissão que se comporta como um governante eleito (e ao serviço dos americanos)? Não falou. Então o que foi Marcelo Rebelo de Sousa lá fazer? Nada -- ou mostrar-se atilado e obediente a quem efectivamente está a destruir a União Europeia como ideia, que não é certamente o Putin, embora este também pudesse gostar. Mas quem precisa de inimigos com governantes e aliados destes? Ainda ontem, Olaf Scholz veio dizer que é preciso acabar com a regra da unanimidade. Está-se mesmo a ver o que será ou seria (a situação pôr-se-á cada vez com maior acuidade, é uma questão de esperar). No fim, para tornar tudo mais grotesco, toca de convidar a Metsola. E é esta vacuidade que Marcelo tem para nos dar. 

Mesmo sem saber até onde chegará, vale mais uma declaração de Lula no saguão de uma embaixada em Londres do que todas as frases de cómica banalidade exaltante proferidos pelos líderes deste deprimente Portugalinho. E isto não tem tanto que ver com a dimensão dos países (o Brasil com Bolsonaro não era ouvido por ninguém ou então era desprezado, mesmo pelos Estados Unidos), mas dos governantes. 

Portugal, país médio europeu, que só é irrelevante pela irrelevância das élites governantes, poderia ter uma voz que o distinguisse, mesmo consciente de todos os constrangimentos e da nossa situação geográfica, que nos obriga a ter uma relação especial com os EUA, assim como a Ucrânia terá sempre de relacionar-se com a Rússia, agora ou daqui a um século. Claro, há um plano declarado por estes líderes geniais que nos couberam em sorte que tem a derrota da Rússia como desiderato, que na verdade é uma neutralização/domesticação pretendida pelo americanos e papagueado por todos os políticos de meia-tigela. Que Portugal não tire partido da sua história de laços estreitos com o Brasil e os estados africanos para ter uma voz diferenciada (e não obrigatoriamente dissidente) e positiva para a própria Europa, diz muito de um estado de coisas que passa por meter a Metsola numa reunião do Conselho de Estado.

4 comentários:

Manuel M Pinto disse...

Metsola ou GrotescoPaudevirartripa

R. disse...

Parece que nickname carinhoso e familiar...

Manuel M Pinto disse...

"(...) Num outro jornal que também vou lendo diariamente, o professor e historiador Pedro Luis Angosto, pergunta mesmo qual a utilidade das pessoas que têm passado pelo FMI, mais propriamente ‘Para que serve Christine Lagarde?’ e também tem a resposta –Para ela mesma e para que o mundo seja cada vez menos habitável, uma pocilga em que só sobrevivem os mais desapiedados e quem lhes limpa os tapetes, para perpetuar um sistema depredador criado pelos homens, em que só é possível ascender ao mais alto, respeitando os modelos de conduta criados pelos machos. A este mundo, o progresso, a justiça e a liberdade, não lhes servem para nada–"
António M. Oliveira
CARTA DE BRAGA – “das notícias e do medo” por António Oliveira
https://aviagemdosargonautas.net/2023/05/13/caarta-de-braga-das-noticias-e-do-medo-por-antonio-oliveira/

R. disse...

Obrigado, vou ver.