sexta-feira, setembro 27, 2019

na estante definitiva

Há tempos, a caminho do Museu do Aljube, deparo-me, à direita, com a Sé, aonde não vou há anos; e logo, voltado para o edifício medieval, vem-me à cabeça o formoso romance de Manuel Ribeiro, A Catedral (1920) -- sinal de que perdurou na minha memória e confirmação do agrado com que o li pela primeira vez. É um romance realista, e não inova do ponto de vista do estilo ou da estrutura. Também o Concerto para piano n.º 2, de Rachmaninov, não o faz. No que não vem mal ao mundo, pelo contrário.
E depois, há todo o interesse da figura pública de Manuel Ribeiro (1871-1941), alguém que vai mudando de campo político, sem nunca (se) trair. Ferroviário de profissão, é como anarco-sindicalista que intervém enquanto publicista; a ele se deve a tradução de A Conquista do Pão, de Kropótkin. Nas duas primeiras décadas do século XX é uma das grandes referências do ideário anarquista. Entusiasmado pela revolução bolchevique de 1917, na Rússia, abandonada a Confederação Geral do Trabalho (CGT), funda em 1919 e torna-se o principal dirigente da Federação Maximalista Portuguesa, precursora do PCP, partido de que é um dos fundadores, em 1921. Alguns anos passados, em data que não apurei, converte-se, defendendo a ideia de uma igreja social, mantendo as mesmas convicções humanistas.
Data de posse: Dezembro de 1992.

Manuel Ribeiro, A Catedral [1920], Lisboa, Guimarães & C.ª Editores [1935?], 280 págs.

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