quarta-feira, maio 29, 2019

à maneira do Xerife de Nottingham

A imagem de um homem a quem a Autoridade Tributária, com a colaboração da GNR, acabava de confiscar um atrelado,  levando um cavalo pelo cabresto na via pública, com uma criança atrás com outro animal, foi das coisas mais degradantes que vi o Estado perpetrar, tantas vezes caloteiro (basta lembrar a demora no pagamento aos fornecedores, as dívidas a particulares e a empresas, sempre tarde a más horas).
É fácil contrapor a parcimónia com a divulgação da lista dos grandes devedores à banca, no mesmo dia em que se revela que o mesmo Estado aí injectou nos últimos anos cerca de 24.000.000.000€ (vinte e quatro mil milhões de euros). É fácil, e é isso mesmo que deve ser feito, independentemente de haver 'grandes devedores' que o são porque a conjuntura económica assim impôs ou, na arraia-miúda, muito vígaro especializado em sacar e fugir -- a questão é de princípio, Não é este, porém, o ponto de que me apetece falar, mas antes a facilidade com que o Estado comete excessos de autoridade.
Tudo leva a crer que acção de ontem configura um abuso de poder, aliás inadmissível. Num país civicamente exigente e consciente, coisa que o nosso não é (não se passa impunemente da miséria de subsistência dos pais no Estado Novo para a indigência moral 5G dos filhos na UE), já teriam rolado todas as cabeças abaixo do Centeno, cujos agentes (os menos responsáveis) actuaram como sicários do Xerife de Nottingham.
O abuso de poder foi possível porque um dirigente qualquer das finanças quis mostrar serviço, contando para isso com a falta de discernimento de comandantes da GNR, cujas cabeças devem servir apenas para usar a boina; o abuso de poder foi travado porque, felizmente, vivemos numa sociedade democrática em que a imprensa é livre, convém nunca esquecer.

2 comentários:

Mónica disse...

a imprensa agora é Robin Hood, querem ver? :D
(claro q a cena foi bizarra e sim o estado é péssimo pagador a começar nas autarquias)

R. disse...

tem dias :|