sexta-feira, dezembro 22, 2017

tudo mais interessante

Nas eleições mais participadas de sempre, maioria absoluta dos independentistas catalães, com os seus líderes no exílio e na prisão; pulverização do PP -- 3 deputados 3 --, com voto útil do espanholismo franquista no Ciudadanos, resultados medíocres de PS e Podem, com posições intermédias quanto à questão da soberania, e provavelmente divididos internamente.
A seguir: reacção de Madrid, Rajoy e Felipe VI, derrotados em toda a linha -- a tradição manda esperar o pior; movimentações de Puidgemont, o verdadeiro vencedor das eleições; e, em face das configurações do tabuleiro, a acção da UE, e, em particular de Portugal -- também aqui a tradição autoriza o pessimismo.

5 comentários:

sincera-mente disse...

Uma embrulhada, cujo elemento mais picante/preocupante é a prisão (ou iminência da mesma) dos líderes da maioria vencedora.
Mais fácil apostar numa corrida de cavalos do que no futuro próximo da Catalunha.
O que me deu mais gozo foi a derrota do cabeçudo Rajoy.

PNLima disse...

Vi um dia destes no "Arte" uma reportagem sobre a guerra de Espanha, tema do qual sabia pouco, embora o Mr. Vertigo saiba mais do que suficiente para me ir preenchendo as lacunas e explicando o que via. A sombra do ditador e a sua influência percebe-se ainda em Espanha nos dias de hoje, quando se ouvem as notícias de lá quanto a estas eleições!

R. disse...

Fernando, a reacção do Rajoy parece suficientemente lata para admitir uma revisão constitucional, única possibilidade de aguentar a Espanha como ela está. Mas é como diz, é mais fácil apostar numa corrida de cavalos.

Paula, sim, claro, ele deixou herdeiros, além duma repressão feroz ainda muito presente na memória das pessoas.

Jaime Santos disse...

Bem, eu pensava que o voto no Ciudadanos (um Partido Liberal de Direita, com pontos de vista próximos dos do Partido de Puigdemont, exceto que os primeiros são monárquicos unionistas e os últimos são republicanos independentistas) era uma boa notícia porque o espanholismo franquista estava com o PP, que foi claramente derrotado, mas pelos vistos engano-me. Todos aqueles que se opõem à independência ou vão a caminho da irrelevância ou então são franquistas.

Custa-me a mim, que sou republicano, ter que defender o ponto de vista de monárquicos, mas chamemos os bois pelos nomes quando os bois merecem assim ser chamados e não simplesmente porque desejamos desqualificar os nossos adversários, que são simplesmente democratas de quem calhamos de discordar.

Até porque nos arriscamos a trivializar linguagem que deve ser usada para qualificar algozes, e apenas eles.

E já agora, convém lembrar que os independentistas voltaram a ter uma minoria de votos, apesar da maioria dos mandatos e os unionistas até ganharam 250.000 votos relativamente à últimas eleições. Não que isto sirva para nada além de fazer lembrar que a Catalunha está bem dividida.

A crise continuará dentro de momentos, parece-me óbvio. Sobre tudo o resto, estou como o cego, logo veremos...

R. disse...

Não, não há nenhuma trivialização da linguagem, porque precisamente o linguajar do poder em Madrid não é susceptível de outro qualificativo, se os ouviu com atenção ao longo dos últimos meses. Chamar-lhes 'democratas' será talvez um pouco excessivo.

Ouvi essa ontem ao Lobo Xavier (a proximidade ideológica a que se refere). O Pacheco Pereira, que é um tipo urbano, caracterizou o delírio como 'wishful thinking'.

Pois, está dividida. Pelos vistos, a maioria silenciosa só na cabeça dos franquistas.