segunda-feira, junho 30, 2014

o mascar metálico da máquina

«Apenas se ouvia o chiar monótono de algum carro de bois que atravessava o povoado vizinho. Qualquer ave que cortava para o canavial, pardal ou tordo, desaparecia num lento sossego de asas. Caíra sobre a terra essa soberana quietude que é prenúncio dos grandes recolhimentos. Ainda não era tudo crepúsculo e, apesar disso, o dia deixara já de existir. Unicamente o Vilarinho, sentado à máquina, que não cessava no seu mascar metálico, dava exemplo de vida em incessante labutar no seu mester de alfaiatar.»

Guedes de Amorim, Aldeia das Águias (1939)

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