quinta-feira, setembro 12, 2013

nem Bougainville nem Rousseau: A BALADA DO MAR SALGADO #1


«Sou o Oceano Pacífico e sou o maior». No meio do Pacífico, após fera tormenta a desmentir o nome do grande mar, um catamaran pejado de piratas das Fiji, capitaneado pelo desertor Rasputine, avista, o mar ainda revolto, uma chalupa de náufragos.

O Oceano dissera-nos do seu espanto por ver ainda à tona a embarcação nativa -- sinal do desembaraço da tripulação indígena, ou «algum pacto com o diabo» celebrado.
Rasputine lê a Viagem à Volta do Mundo, do barão de Bougainville, o mesmo que descrevera aquelas paragens nos antípodas como um paraíso terreal, em que a espécie humana não fora ainda corrompida pela civilização. O bom-selvagem do Rousseau vem daqui...
Os naúfragos são um casal jovem branco, passageiros do "A Jovem de Amsterdam", "uma bela galeota de milionários", diz o pérfido russo, acolhendo a sugestão dos seus marinheiros, já pouco partícipes dessa idílica visão bougainvillesca-rousseauna, de aprisionarem os desafortunados -- em troco de pagamento de resgate, claro está...

Hugo Pratt, A Balada do Mar Salgado
pranchas 1-2

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