domingo, setembro 22, 2013

o que salva Abel Botelho?

Abel Botelho por António Ramalho
Deixo o Serafim e o Esticado, o Manaio e o Silvério por essas ruas desertas pela noite, armazéns, fábricas, bairros. O encontro com Lourenço, o homem iluminado, o sindicalista, o revolucionário, que irão ouvir, fica para o segundo capítulo.
Para já, pergunto-me: o que salva Abel Botelho? Executor observante do programa naturalista, o que livra Amanhã de ser um relatório minucioso, com pormenores e alusões mais ou menos escabrosos, ou mera "reportagem" de suposta objectividade? O que faz do livro um testemunho, por certo datado, de arte literária?  Sem dúvida, a linguagem, o vocabulário rico e criterioso, as imagens, por vezes opulentas, mas sempre certeiras em face do panorama de destituição social que Botelho pretendeu transmitir

Sem comentários: