quarta-feira, dezembro 02, 2009

caderninho

Quão insignificante e limitado é o intelecto humano normal, e quão pouca lucidez existe na consciência humana, é algo que pode ser avaliado pelo facto de, apesar da brevidade efémera da vida humana, da incerteza da nossa existência e dos inúmeros enigmas que nos pressionam por todos os lados, nem toda a gente se dedica contínua e incessantemente a filosofar, coisa que apenas as mais raras excepções fazem. Os restantes vivem a sua vida neste sonho, de uma forma não muito diferente da dos animais, dos quais, no final, apenas se distinguem pela sua capacidade de viver alguns anos mais. Se alguma vez chegaram a sentir alguma necessidade metafísica, as diversas religiões ocupam-se dela, de cima e antecipadamente.; e estas, sejam elas quais forem, bastam-lhes. Arthur Schopenhauer
«Aforismos», de Parerga e Paralipomena (tradução de Alexandra Tavares)

2 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Verdadeiramente excelente!

Bom, eu sou suspeita, acho Schopenhauer admirável, capaz de dizer muito de tudo aquilo que precisa ser dito. E escreveu de um modo tão cativante, quanto longe de facilitismos.

Obrigada e um abraço, RAA :)

Ricardo António Alves disse...

É verdade, Ana Paula, também o acho muito estimulante. Parece que, na sua época, era o Hegel quem levava a melhor como estrela no firmamento da Filosofia Alemã; mas veio o Nietzsche, e fez incidir mais luz sobre o velho Artur.
Outro.