PROH PUDOR
Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada e langorosa.
Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania
Aquela concepção vertiginosa.
Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente...
Todas as noites ela, ó sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos,
E fazia-me cócegas nos pés...
«Poesias dispersas»,
O Livro de Cesário Verde
(edição de Maria Ema Tarracha Ferreira)
segunda-feira, dezembro 07, 2009
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1 comentário:
Mas ele era um rouxinol :|
Obrigado, também para si.
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