ADÃO DEPOIS DA QUEDA
A paz me amava.
E o paraíso era
gozar a fonte
e a larva da criação.
Eva e eu estávamos
vestidos na palavra.
E desobedeci.
O conhecimento do mal
eu quis. E sou um odre
de carne e dúvidas,
um odre de pó, som,
úmidas fendas pela alma.
Um odre, um odre
que se esconde:
ora no côncavo da rocha,
ora no bosque, ora neste
vazio de quem se achando
rico, é pobre, pobre.
E Deus me chamou e indagou:
"Por que te ocultas?"
Mas Ele sabe e sua pergunta
aumenta esta vergonha
de ser homem e desterrado,
esta peçonha que a serpente
inoculou e ainda ressonha,
letal, com o sofrimento
que me agarra, o suor,
o braço do agravo.
Em Deus aguardo.
Pelos séculos, aguardo,
com meu odre quebrado.
Arca da Aliança
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