domingo, junho 17, 2007

Antologia Improvável #234 - Luís de Camões (2)

Doce sonho, suave e soberano
Se por mais longo tempo me durara!
Ah! quem de sonho tal nunca acordara,
pois havia de ver tal desengano!
Ah! deleitoso bem! ah! doce engano!
Se por mais largo espaço me enganara!
Se então a vida mísera acabara,
De alegria e prazer morrera ufano,
Ditoso, não estando em mim, pois tive,
Dormindo o que acordado ter quisera.
Olhai com que me paga o meu destino!
Enfim, fora de mim ditoso estive.
Em mentiras ter dita, razão era,
Pois sempe nas verdades fui mofino.


in Poesia da Noite
(edição de Urbano Tavares Rodrigues)

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