Ex.mo Sr.
Vindo do Norte após alguns dias de parcial repouso, bem necessário depois de dois meses de grandes trabalhos, encontro a carta de V. Ex.ª.
Do meu Manifesto à Nação conclue-se o seguinte, quanto aos fins da caminhada política que iniciei:
a) Apresentar a minha Candidatura à Presidência da República e fazer dentro da lei o possível para que ela vingue;
b) Se ela vingar, nomear um Governo, cujos principais e quase únicos fins serão tomar as medidas necessárias para se passar ràpidamente de um regime de características totalitárias para outro que nem sombras delas tenha. A única maneira de se conseguir isto será realizar no mais curto praso a eleição de uma Câmara Constituinte.
Ora se a eleição dessa Câmara fôr, como não poderá deixar de ser sendo eu Presidente da República, inteiramente livre, estou convencido de que nela haverá deputados monárquicos, cuja eleição resultará de livre propaganda monárquica e que por certo nela proporão o que mais conveniente julguem para o restabelecimento do nosso país.
Como republicano liberal e parlamentar que sou, apenas me limito a aspirar a que a Constituição Política que essa Câmara der à nação, seja uma Constituição Republicana e que, consequentemente, em Portugal se entre numa 2.ª República, parlamentar e liberal, único regime que julgo capaz de lhe trazer a prestigiante, justa e humana grandeza pela qual sempre tenho trabalhado.
Mas nunca essa aspiração provocará em mim quaisquer actos que afastem a liberdade da eleição e das discussões ou deliberações da Câmara Constituinte.
Pode V. Ex.ª fazer o uso que quiser desta carta.
Sou, de V. Ex.ª, com a maior consideração,
M.to At.to e Obg.do
Norton de Mattos
In Os Dois Primeiros Meses da Minha Candidatura à Presidência da República
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