«Foi esse momento tão extraordinariamente grave para o meu espírito, que desde então não corre uma única semana sem eu sonhar que regresso à selva, como, após a evasão frustrada, se volta, de cabeça baixa e braços caídos, a um presídio.» [«Pequena história de "A Selva"», A Selva, 32ª ed., Lx., p. 19]
Apesar de ter feito o seu tirocínio na extracção gomífera, até 1914 Castro exerceu essencialmente as funções de caixeiro do seringal, pela feliz circunstância de saber ler, escrever e contar, subtraindo-se, assim, ao rigor da extracção do látex no meio da brenha, condicionalismo que talvez fosse fatal para uma criança ainda tão pequena.
Na Amazónia começou a escrever para jornais regionais, portugueses e brasileiros, e lá redigiu o primeiro romancinho, intitulado «Amor de Simão», cujo título definitivo viria a ser Criminoso por Ambição, o primeiro da sua bibliografia, dado à estampa em fascículos em Belém do Pará no ano de 1916, vendidos pelo autor de porta em porta...
Logrando sair da selva, ao contrário de muitos que por lá ficaram presos às dívidas que contraíram ou debaixo daquela terra perigosa, o jovem Ferreira de Castro teve muito que penar antes de conseguir alguma estabilidade. Foi um sem-abrigo em Belém, recorreu a diversos biscates, colou cartazes, embarcou num navio que fazia o curso de cabotagem entre a capital do Pará e a Guiana Francesa. O tempo de que dispôs, empregou-o na biblioteca pública belenense, onde se autoeducou lendo os clássicos.
A pulso enveredou pelo jornalismo, tendo, em 1917, fundado e dirigido um semanário destinado às comunidades lusas de Belém e Manaus, intitulado Portugal. Entretanto havia publicado uma pequena peça, Alma Lusitana (1916), com o conflito luso-alemão de Naulila em pano de fundo.
O regresso de Ferreira de Castro não está ainda completamente esclarecido, tanto mais que conseguira alguma projecção como jornalista e literato nesses estados brasileiros de forte presença portuguesa. A explicação mais plausível e natural será a do peso da saudade que sobre ele se terá exercido, saudade da família e da terra natal que visitará logo após a sua chegada a Lisboa, em 1919.
(continua)
Apesar de ter feito o seu tirocínio na extracção gomífera, até 1914 Castro exerceu essencialmente as funções de caixeiro do seringal, pela feliz circunstância de saber ler, escrever e contar, subtraindo-se, assim, ao rigor da extracção do látex no meio da brenha, condicionalismo que talvez fosse fatal para uma criança ainda tão pequena.
Na Amazónia começou a escrever para jornais regionais, portugueses e brasileiros, e lá redigiu o primeiro romancinho, intitulado «Amor de Simão», cujo título definitivo viria a ser Criminoso por Ambição, o primeiro da sua bibliografia, dado à estampa em fascículos em Belém do Pará no ano de 1916, vendidos pelo autor de porta em porta...
Logrando sair da selva, ao contrário de muitos que por lá ficaram presos às dívidas que contraíram ou debaixo daquela terra perigosa, o jovem Ferreira de Castro teve muito que penar antes de conseguir alguma estabilidade. Foi um sem-abrigo em Belém, recorreu a diversos biscates, colou cartazes, embarcou num navio que fazia o curso de cabotagem entre a capital do Pará e a Guiana Francesa. O tempo de que dispôs, empregou-o na biblioteca pública belenense, onde se autoeducou lendo os clássicos.
A pulso enveredou pelo jornalismo, tendo, em 1917, fundado e dirigido um semanário destinado às comunidades lusas de Belém e Manaus, intitulado Portugal. Entretanto havia publicado uma pequena peça, Alma Lusitana (1916), com o conflito luso-alemão de Naulila em pano de fundo.
O regresso de Ferreira de Castro não está ainda completamente esclarecido, tanto mais que conseguira alguma projecção como jornalista e literato nesses estados brasileiros de forte presença portuguesa. A explicação mais plausível e natural será a do peso da saudade que sobre ele se terá exercido, saudade da família e da terra natal que visitará logo após a sua chegada a Lisboa, em 1919.
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