quarta-feira, julho 30, 2025

zonas de conforto

Vergílio Ferreira: «Serei agora capaz? Tento. Seguro-me ao argumento de que me dá prazer ler os registos dos outros. Lêem-se sempre com curiosidade. Um motivo para insistir -- satisfazer a curiosidade dos outros. Mas terei eu "outros"?» [1-II-1969], Conta-Corrente 1 (1980) § José Bacelar: «Para o espírito livre -- ou seja: para aquele espírito ao qual não foi feito o dom magnificente dum Absoluto, Absoluto que ele considerará coerentemente de raiz divina ou incoerentemente de raiz humana -- não existe, ou não existe ainda, se quiserem, uma Verdade única: o que existe, de facto, são pontos de vista.» Arte, Política e Liberdade (1941) § Machado de Assis: «-- Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado. / -- Sinhô comeu alguma cousa que lhe fez mal... / -- Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica... / O boticário mandou alguma cousa que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor.» Histórias sem Data (1884) - «Cantiga de esponsais» § José Régio: «Isto ao cabo de longos intervalos em que ia fugindo uma paisagem árida, escalavrada, monótona, queimada do frio e escurecida não só do dia brumoso como de toda a tristeza  de Rosa Maria. / Do outro lado da estação, a caminheta esboçava no escuro o seu grande vulto bojudo. Rosa Maria ia subir, quando um homem alto a segurou quase violentamente:» Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941) § Frei João Álvares aos monges do Paço de Sousa (24-XII-1467): .../... «E estas cousas eu as escrevo e ponho aqui, não por vã glória nem por me gabar, somente por ficarem na memória apegadas sem esquecerem  e não tão somente durarem nos entendimentos, mas ainda nas cartas e nos livros, por que ouçam e falem e se recordem pera sempre.» .../... in Andrée Rocha, A Epistolografia em Portugal (1965) § Fialho de Almeida: «Argumentam daí: a susceptibilidade requintada que  faz certas mulheres terem síncopes aspirando o perfume de flores é um caso vulgar de histeroarte. História!... são as almas dos amantes mortos, dos maridos, dos filhos, que volvem nas flores, mordidas de ciúmes, esfaceladas de saudade, ocultas sempre na evolação mais aromática das nectáreas, e anos e anos errantes primeiro que se lhes depare quem procuram, e que um dia, subitamente, quando as pobres mulheres vão mergulhar a narina na urna duma gardénia, lhes ciciam de dentro: "Sou eu, não tenhas medo, eis-nos de novo, juntos, outra vez!"» O País das Uvas (1893) -- «Pelos campos» § José Duarte: «Amanhã há trombone» Cinco Minutos de Jazz (2000)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«O homem só reconhece a sua dignidade quando vive pelo trabalho do braço ou da inteligência.»
Camilo Castelo Branco, "Lágrimas Abençoadas" (1857)