Comentadores leves como penas, deslumbrados consigo próprios. Quem leia este indivíduo, de seu nome Manuel Serrano, num "português" ligeiro, para não maçar muito a cabeça dos apressados (estou a ser benévolo para com o autor) e não perceba um boi do que se fala, apesar de julgar-se muito informado, deve achar refrescantes, e até divertidas, estas observações desempoeiradas a propósito de temas que angustiam o indígena, mas sobre os quais o indígena não percebe um boi -- o indígena sabe é que não gosta de guerra, destruição, morte e que os russos são uns malandros e Putin, em particular, é um louco.
Como diria outra luminária: "Estava a Ucrânia posta em sossego..."
Vejamos, então:
O que dá tudo isto espremido? Nada, porque não passa de fantasia alucinada, fogo de artifício argumentativo atirado aos olhos dos incautos, enquanto as canas não lhes caem a pique cabeça abaixo.
Diante da rebaldaria de Donald Trump, deve ser a "Europa" a levantar o facho civilizacional das democracies... e de forma "ofensiva": "construir para evitar o colapso", diz, ocultando que o colapso foi ela própria que o criou ao remeter-se à condição de proxy da superpotência dominante. E de que modo?
1- "confiscar activos russos" -- ou seja, extorquir o que não lhe pertence (mas continuar a comprar gás russo por portas e travessas, entre outras atitudes de grande lisura). Este Serrano deve achar que os russos vão deixar-se roubar e a seguir calar-se -- pois não andam eles a combater cheios de fome e sem botas?
2 - "eliminar o veto em política externa" -- isto seria o cúmulo da demência, pois pressuporia que qualquer estado votasse contra si próprio, desistindo de mais soberania e da única forma que um país pequeno ou médio tem para fazer valer os seus interesses fundamentais no seio da UE -- ou seja, de novo, renunciar voluntariamente ao poder de veto "em política externa" -- nem que para tanto se procedesse como parece que a Dinamarca quer fazer, castigando a Hungria, pondo-a à margem das votações, conforme previsto nos tratados. Tenho dúvidas, de qualquer forma que tal fosse possível, mesmo com os magiares de quarentena. Mas para além da Hungria, há a Eslováquia. Como o vivaz articulista usa o plural, claro está que pensa também no país de Robert Fico para ir para o castigo. E os restantes pequenos estados? A Áustria, por exemplo, com especiais relações com a Hungria?; ou Portugal, país médio europeu com postura de anão, que desbarata em larga medida o seu soft power: estaria Portugal disposto a renunciar a ter poder, uma vez que não sabe utilizar o poder que potencialmente tem? E não poderia um governo que diminuísse desta forma o próprio país ser acusado de alta traição? Quanto a mim pode; mas destas minudências não se ocupa o escrevedor.
3- Sobre o euro poder vir a ser "uma alternativa de reserva global", não tenho a mínima competência para pronunciar-me, mas atendendo ao guião, não me custa deduzir tratar-se de mais palavras sem consequência possível, mais fogo de artifício. Junte-se a emissão conjunta de dívida, já experimentada com as vacinas, um anátema ao tempo da crise das dívidas soberanas.
Já gastei demasiado tempo com toda esta insubsistência, palavreado atirado ao vento e às cabeças dos cidadãos. Resta dizer que há um grande problema que a Europa não resolveu nem irá fazê-lo tão cedo: não é um país, nem um federação, e ainda bem. A porventura desejável confederação é ainda uma miragem para as futuras gerações: a não ser que entremos muito depressa na noite escura da guerra, como parecem pretender (ou não entender, ou ainda marimbar-se desde que se produzam umas linhas de bom efeito) os "amigos" da Ucrânia.
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