segunda-feira, fevereiro 28, 2022

mais notas sobre a Ucrânia

Conversações. A situação está tão estupidamente perigosa que bom seria que amanhã (já hoje) houvesse um cessar-fogo. A Rússia tem a opinião pública ocidental toda contra si, e toda a supremacia militar. Toma Kiev quando quiser, mas como quer fazer o mínimo de baixas possível entre a população, há-de limitar-se a cercar a cidade, permitindo a saída de parte de parte dela, excepto a tropa. Duma maneira ou doutra, Kiev vai ser conquistada, a não ser que haja um milagre e tudo pare. Se for para continuar, há-de ser como os russos ditarem. Especialistas militares que tenho ouvido dizem que os russos ainda não começaram a atacar a capital da Ucrânia.

Tempo. O tempo corre contra a Rússia, principalmente por razões internas.

Acordo. Parece.me impossível haver acordo sem uma mediação terceira: um país equidistante (Índia, por exemplo) ou uma pool de países em que ambos possam confiar, não totalmente hostis (China, Hungria). Ou um misto das duas.

Fantasia. Uma das minhas filhas saiu-se com esta, não sei se ouvida em algum lado: a Ucrânia seria aceite já como candidato à UE, com um calendário de adesão relativamente rápido, e em troca assume neutralidade. Ambos ficarão satisfeitos Seria uma boa ideia, porém com a UE a ser braço político da NATO... Há ainda a questão da Crimeia, que é inteiramente russa e portanto os russos nunca abrirão mão dela; e do Donbass, talvez o caso mais complicado de resolver. Mas há fantasias que valem a pena, nem que seja por umas horas.

Direito internacional. A Rússia violou o Direito Internacional? Pois violou. Mas a coberto deste, só se fosse estúpida deixaria que as coisas continuassem a progredir. Acho mesmo que foi bastante paciente. O Direito Internacional é lindo, mas não se aplica às grandes potências (ou quem tem as costas quentes, como Israel). Nem Estados Unidos, nem Rússia, nem China se comovem com ele. Os EUA nem sequer reconhecem a jurisdição do TPI, no que aos próprios respeita. É a vida.

(Ir)Responsáveis. NATO e UE, que assume uma posição quase bélica. Estão lá, os maiores culpados disto, incluindo as lideranças ucranianas, das quais Zelensky será o menos responsável. Irresponsáveis ou incompetentes, deixaram-se enrolar pelos canalhas dos americanos.

Americanos (administração). Pulhas nas mãos de patifes, ou patifes e pulhas. O incapaz do Biden veio dizer, depois de Putin falar em armas nucleares, que a América não fez nada para que a Rússia tomasse essa atitude. Que monumental filho da puta... Sou anti-americano desde as armas de destruição maciça do Iraque, um dos muitos crimes que têm no cadastro. O ideal reles da ganância, uma nódoa irremovível.

RT. Deixámos de ver a propaganda russa; agora só vemos a americana.

Soljenitsin. Ídolo do Ocidente, por boas razões -- digo sempre que a leitura do Arquipélago de Gulag  na adolescência me vacinou contra o comunismo, e adjacências idiotas como trotskismo, maoísmo, etc. --, proclamou que esse mesmo Ocidente que o idolatrara queria destruir a Rússia. Talvez Ocidente aqui seja metonímia de Estados Unidos, Destruir a Rússia significa torná-la irrelevante. Mas o Putin é um nacionalista à frente de um grande país, algo que von-der-leyens e borréis deveriam perceber, e já agora explicar ao cheché de Washington, à tontinha que lhe serve de v-p e aos mentecaptos em torno.

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