quarta-feira, abril 14, 2021

juízes portugueses


Antigamente não se dava por eles. Aplicavam a Lei e o Direito, eram instrumentos do Estado. Quando tal sucedia, era pelas piores razões: os dos tribunais plenários (ou a Lei que se despreza e renega a si própria), juízes às ordens da PIDE, que continuaram tranquilamente a exercer após o 25 de Abril.

Ultimamente, uns casos curiosos: Carlos Alexandre prestou-se -- para dizer o mínimo, que mais é especulação -- a participar no grande reality show da detenção de Sócrates, vindo de Paris, em directo e a cores nas televisões, e dali directamente para a cadeia, sem passar pela casa da partida. É de homem. Perigo de fuga, alegou-se -- não vendo oportunamente um mail em que Sócrates se voluntariava para ser ouvido em tribunal (pois já sabia que andavam atrás dele, com as buscas em casa de um filho, se bem me lembro). Depois, aquela entrevista a uma televisão, com indirectas ao próprio Sócrates, bué edificante.

A seguir, aquele gajo da Relação, que veio ler acórdãos com provérbios. Para provérbios só há um, o Jerónimo de Sousa e mais nenhum. Seria depois apanhado a usar as instalações do Tribunal para os seus negócios privados, em que seria certamente bem pago.

Depois, aquele escroque que já foi irradiado, mas ainda não julgado, que vendia sentenças. Um tipo de elevada estatura e grande eco mediático.

Agora, Ivo Rosa e a avalanche dos últimos dias. Gabo-lhe a coragem, porque nenhum outro elogio nem crítica posso fazer-lhe, por falta de competência jurídica.

E por último, um maluco que anda para aí contra as máscaras e o confinamento. E digo "maluco" no sentido positivo. Não porque concorde com ele -- a nossa liberdade não pode condicionar a liberdade dos outros, dos que não querem ser contagiados por um vírus perigoso e potencialmente mortal --, mas porque sabe pôr a polícia na ordem. Todos sabemos que se a polícia não tiver rédea curta é por ali que os abusos começam. Todos o sabemos, porque de um modo ou de outro já tivemos alguma experiência desagradável com um agente da Autoridade.


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