«Lá de cima, das grades, alguns presos, lavrados de curiosidade e de comentários sarcásticos, viram-nos principiar a andar -- um atrás do outro. Marchavam com naturalidade, nem depressa, nem devagar, no ritmo dos funcionários que chegam a horas ao seu emprego. Subitamente, porém, Januário deteve-se e ergueu a vista para o edifício que se levantava na sua frente. Os presos estavam lá, as mãos fechadas sobre as barras de ferro, mas ele mal os fixou. Os seus olhos percorreram a fachada clara de janelas e portas emolduradas em cantaria branca, fresca, tudo lembrando construção recente, como se procurassem alguma coisa que se não via com facilidade, alguma coisa que não se encontrava na frontaria do edifício, iluminada pelo sol, mas nas negras profundezas da memória. Ele olhava e cada vez parecia mais perplexo. Por fim, voltou-se para se convencer de que não havia errado no caminho. Lá estava a velha igreja que apadroava o vale de sobre o planalto -- lá estava.» A Experiência (1954)
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