segunda-feira, março 23, 2015

detritos

O processo Sócrates não levanta apenas as questões de cidadania que têm sido dirimidas ao longo dos últimos meses, como está exposto neste artigo do advogado Rui Patrício (Câmara Corporativa: Manual da investigação preguiçosa e eficiente).
Para mim, que sou um gajo preconceituoso, há uma outra questão: a insuportável boçalidade do país, das elites, do povo, agravadas pelos 48 anos de paternalismo autoritário. Tenho uma repulsa institntiva por gente sem maneiras (ou melhor, por gente que não sabe usar a falta de maneiras, que por vezes é também um recurso interessante). E quanto mais subiram na escala social, mais repugnância me suscita quem não sabe mastigar de boca fechada ou eximir-se a partilhar com o público a vidazinha particular, a começar pelo vociferar ao telemóvel.
Por isso, independentemente dos problemas jurídicos, não se admite um acórdão subscrito por juízes desembargadores com recurso a anexins, coloquialidades e pontuação desbragada, como um largo salpicar de detritos de mosca nas laudas emanadas da Relação.

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