De Rusticus: ter tomado consciência de que tinha necessidade de educar o meu carácter e ocupar-me dele assiduamente; não ter caído na paixão da sofística; não ter composto tratados retóricos nem dessas obras que visam persuadir; não procurar impressionar as pessoas com uma ostentação de actividade ou beneficência; ter renunciado à retórica, à poesia, ao estilo demasiado elegante; não passear por casa de toga e interdizer-me tais vaidades; escrever com simplicidade as minhas cartas, como as que ele próprio escreveu de Sinuessa a minha mãe; estar sempre pronto, com os que foram bruscos ou indelicados, a responder à primeira chamada e reconciliar-me, desde que o desejassem; ler com muita atenção, sem me contentar com uma visita sumária; não conceder um pronto acolhimento às pessoas que tagarelam a torto e a direito; ter podido ler os livros que nos conservam as lições de Epicteto, livros que ele me emprestou da sua biblioteca. Marco Aurélio
Pensamentos para Mim Próprio (tradução de José Botelho)
2 comentários:
De Marco Aurélio recordo o dito bem conhecido de que a filosofia é uma preparação para a morte. A consciência dessa condição mortal talvez seja essencial para bem viver, ou seja, viver em paz consigo e com os outros homens (e mulheres!).
Também acho, Estrelícia. Viver é preparar a morte...
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