O Cardeal Saraiva Martins retomou ontem na RTP o argumento do «eclipse de deus» na sociedade contemporânea. O eclesiástico confunde deus com a sua igreja, mesmo assim muito pouco eclipsada, como se verifica pela consagração do novo templo -- que parece tornar, enfim, Fátima de lugar intragável em lugar visitável, pelas magníficas obras de arte que parece encerrar.
Deus imposto à bomba pelos fanáticos islâmicos, o banditismo organizado e impune das iurdes, a beatice charlatã dos ratos e das ratas de sacristia, a reacção preocupada da igreja católica em face das seitas, do deus-consumo, das patetices new age & e outro lixo concorrente, tornando-a mais agressiva.
A relação com o transcendente é um fenómeno individual e só ao indivíduo respeita -- e como tal deve ser respeitada. Outro é o caso das organizações de deus, do proselitismo arrebanhador, da intolerável intromissão na vida das pessoas.
Eclipse é coisa que infelizmente não se vislumbra.
10 comentários:
Não posso estar mais de acordo, vizinho. A esfera do privado é constantemente invadida por arautos de todo o tipo de deuses à venda no mercado, incluindo os das religiões tradicionais. O sagrado é individual por excelência, e como tal deveria ser respeitado. E concordo também com a significativa melhoria da estética de Fátima, até aqui fatal (a arquitectura do Estado Novo não prima pela beleza,na minha ipinião).
Bjs
ana
O pior da tradição romana: pão e circo. Lamentável.
O Sagrado é colectivo por excelência, com o cerimonial que compacta o grupo, como qualquer antropólogo sabe. Na vertente privada é recolhimento, prece pessoal ou misticismo.
Só houve uma Igreja instituída pelo Filho de Deus, só Uma enformou a nossa Tradição. As alternativas que nos atacam há que esmagá-las. E textos como este Teu, no que tenta trasferir das tristes ofensivas laicistas para as práticas da religiosidade, ainda que desajeitadas, apenas podem suscitar a quem te estima um pedido do Perdão Divino.
Se Deus não tivesse sido eclipsado da nossa sociedade nunca te terias abalançado a escrever isto. E um eclipse não é uma supressão. Passa.
Ab.
Ora ainda bem, vizinha. Outros para si.
Cara Estrelícia: ou Fátima, futebol e... televisão.
Meu querido: os antropólogos estudam os primitivos (não se lhes pode falar nisso, que eles zangam-se...), mas acho que a religiosidade pode ter uma dimensão individual, dispensando-se o totem...
Eu até gosto de alguma tradição, e respeito as velhas religiões que fazem parte da nossa. desde lgo as três do Livro, mas lá dentro dos respectivos templos. Cá fora só se eu quiser -- e às vezes até quero.
Sou ateu, como sabes, Irmão em Cristo, mas não ateísta. Tenho mais que fazer, desde que não me macem.
Lembra-te de mim nas tuas orações.
Grande abraço.
Vês,até nas sociedades mais simples... o totem é a honra colectiva. Quando o perdemos ficamos no lindo estado em qwue nos encontramos, com tanta gente a correr para o psicoterapeuta...
O simples facto de ser maçado por uma cerimonia é que contrista.
Lembro-me sempre de Quem gosto.
Ab.
Mas eu até gosto de algum cerimonial, menos do que lhe subjaz. Ab.
Muito Bem!
Bom Fim-de-Semana.
Cumprimentos.
Também pera si, Mário, obrigado.
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