segunda-feira, outubro 15, 2007

«O eclipse de deus»

O Cardeal Saraiva Martins retomou ontem na RTP o argumento do «eclipse de deus» na sociedade contemporânea. O eclesiástico confunde deus com a sua igreja, mesmo assim muito pouco eclipsada, como se verifica pela consagração do novo templo -- que parece tornar, enfim, Fátima de lugar intragável em lugar visitável, pelas magníficas obras de arte que parece encerrar.

Deus imposto à bomba pelos fanáticos islâmicos, o banditismo organizado e impune das iurdes, a beatice charlatã dos ratos e das ratas de sacristia, a reacção preocupada da igreja católica em face das seitas, do deus-consumo, das patetices new age & e outro lixo concorrente, tornando-a mais agressiva.

A relação com o transcendente é um fenómeno individual e só ao indivíduo respeita -- e como tal deve ser respeitada. Outro é o caso das organizações de deus, do proselitismo arrebanhador, da intolerável intromissão na vida das pessoas.

Eclipse é coisa que infelizmente não se vislumbra.



10 comentários:

ana v. disse...

Não posso estar mais de acordo, vizinho. A esfera do privado é constantemente invadida por arautos de todo o tipo de deuses à venda no mercado, incluindo os das religiões tradicionais. O sagrado é individual por excelência, e como tal deveria ser respeitado. E concordo também com a significativa melhoria da estética de Fátima, até aqui fatal (a arquitectura do Estado Novo não prima pela beleza,na minha ipinião).

Bjs
ana

estrelicia esse disse...

O pior da tradição romana: pão e circo. Lamentável.

O Réprobo disse...

O Sagrado é colectivo por excelência, com o cerimonial que compacta o grupo, como qualquer antropólogo sabe. Na vertente privada é recolhimento, prece pessoal ou misticismo.
Só houve uma Igreja instituída pelo Filho de Deus, só Uma enformou a nossa Tradição. As alternativas que nos atacam há que esmagá-las. E textos como este Teu, no que tenta trasferir das tristes ofensivas laicistas para as práticas da religiosidade, ainda que desajeitadas, apenas podem suscitar a quem te estima um pedido do Perdão Divino.
Se Deus não tivesse sido eclipsado da nossa sociedade nunca te terias abalançado a escrever isto. E um eclipse não é uma supressão. Passa.
Ab.

Ricardo António Alves disse...

Ora ainda bem, vizinha. Outros para si.

Ricardo António Alves disse...

Cara Estrelícia: ou Fátima, futebol e... televisão.

Ricardo António Alves disse...

Meu querido: os antropólogos estudam os primitivos (não se lhes pode falar nisso, que eles zangam-se...), mas acho que a religiosidade pode ter uma dimensão individual, dispensando-se o totem...
Eu até gosto de alguma tradição, e respeito as velhas religiões que fazem parte da nossa. desde lgo as três do Livro, mas lá dentro dos respectivos templos. Cá fora só se eu quiser -- e às vezes até quero.
Sou ateu, como sabes, Irmão em Cristo, mas não ateísta. Tenho mais que fazer, desde que não me macem.
Lembra-te de mim nas tuas orações.
Grande abraço.

O Réprobo disse...

Vês,até nas sociedades mais simples... o totem é a honra colectiva. Quando o perdemos ficamos no lindo estado em qwue nos encontramos, com tanta gente a correr para o psicoterapeuta...
O simples facto de ser maçado por uma cerimonia é que contrista.
Lembro-me sempre de Quem gosto.
Ab.

Ricardo António Alves disse...

Mas eu até gosto de algum cerimonial, menos do que lhe subjaz. Ab.

Mário Casa Nova Martins disse...

Muito Bem!

Bom Fim-de-Semana.
Cumprimentos.

Ricardo António Alves disse...

Também pera si, Mário, obrigado.