quinta-feira, outubro 03, 2024

tempo de romance

«O melhor prólogo é o que contem menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesmo é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus. / BRÁS CUBAS.» Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) 

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«... Mas Deus desse muitos anos e bons à sua Rita que nem pelo mundo todo topava melhor governadeira de casa! Fêmea aquela Zefa, nutrida, limpa e perluxosa que nem moça de padre-cura. O dianho era se alcançava... E logo a que raça pertencia, os Narcisos, que tinham alma excomungada, e não se benziam duas vezes para esfaquear um santo! Ambos os Irmãos eram farsolas de respeito, nanja o homem que andava pelo Rio ao trapo, mole, derrancado da cachaça, que por modos bebia como cale de moinho bebe água. O melhor era pôr termo à extravagância, mandar a Zefa à tabua…»
Aquilino Ribeiro, "Terras do Demo". Romance. (1919)