quarta-feira, outubro 23, 2024

"a situação exige perguntas"*

Não vou pôr-me aqui a atirar postas de pescada relativamente a uma situação tão complexa e com sérios capitais de queixa, quer de moradores, pela forma como são tratados pelas autoridades (ou parte delas), quer de polícias mal pagos e certamente desmotivados, de há longos anos. 

Tenho ouvido idiotas, "especialistas" em segurança, que, em vez de analisarem os factos e darem os contornos da situação -- o mínimo exigível --, se põem a fazer comícios em estúdio. Também tenho ouvido dizer que o Estado está a falhar, porque os cidadãos pagam os seus impostos para viverem descansados ao abrigo de motins -- certíssimo, a começar pelos cidadãos que vivem nesses bairros periféricos, tão cidadãos como os demais, e com direito a não serem desrespeitados apenas pelo facto de serem pobres ou imigrantes. Porque se há certamente vandalismo, e talvez coisas ainda piores (até que ponto a balbúrdia não serve as organizações criminosas?), também a revolta e o desespero são visíveis.

Há duas entidades que devem estar a amealhar com a situação: o Chega e o seu porquito, o Correio da Manha, cuja estação televisiva se baba com os faroestes que engendra.

* Alberto Pimenta

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