Como de costume, esta é uma guerra em que as vítimas e os inocentes são os povos: os palestinos, os israelitas, os libaneses. Não verto lágrimas nem por aiatolas xiitas nem por fanáticos religiosos, árabes ou judeus. Nada disto é preciso para reconhecer crimes quando ocorrem.
Que o governo israelita é constituído por criminosos de diversa índole, é um facto. Que está à margem da lei ao ocupar território que não lhe pertence, é outro.
Ao contrário do que se possa pensar, a política de Netanyahu é altamente lesiva para os interesses israelitas.
Alguém como eu, que sempre nutri uma forte simpatia por Israel, por varias razões, dou por mim a pensar: é para isto que Israel tem direito a existir? A resposta é simplicíssima: não tem -- ou deixou de ter. Quem não se dá ao respeito, não pode ser respeitado (banalidade acertadíssima); quem massacra civis põe-se do lado de fora da humanidade, e isto serve para o Hamas, como para o governo israelita que -- tragicamente -- é composto por partidos que tiveram a maioria dos votos do eleitorado.
Como não se pode dizer que o eleitorado foi ao engano. Ao fim de mais de 30 anos de sabotagem dos Acordos de Oslo, com este Netanyahu à frente, o eleitorado israelita tornou-se co-responsável pela actuação reiterada do seu governo.
Resumindo: com esta actuação continuada, Israel perde a sua legitimidade primeira: a do direito à existência. Claro que isto não absolve os teocratas do Líbano e do Irão -- mesmo que estejam, supostamente, do lado do povo palestino -- ou seja, do lado certo, nesta altura do campeonato. Os teocratas do Irão são para ser derrubados e corridos a chicote lá para as alfurjas das mesquitas -- e, claro, não para serem substituídos por aventureiros chulos, como o último xá. O Irão tem na sua história, grandes e bons exemplos.
Quanto à última diatribe deste governo israelita fora da lei contra Guterres, proibindo-o de entrar em Israel, tal é mais uma medalha para o secretário-geral da ONU. É que há acusações e animosidades que só nos dignificam. Ora, os indignos, pela sua própria natureza, são inaptos, jurídica e moralmente, de produzir conteúdo que seja entendido como tal. Ou seja: têm mais significado os latidos da minha cadela, do que as proclamações (ainda por cima com mentiras) do ministro dos estrangeiros israelita. Um bicho nunca pode ser desqualificado pelos seus actos; já um ser humano... Quem, que não seja um tontinho, quer ver-se associado a uma quadrilha destas?
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