quinta-feira, outubro 31, 2019
ministério da aviação climática
O Governo quer instituir o provedor do animal, certamente a pensar nas aves afectadas no caso do aeroporto no Montijo avançar (a APA acaba de dar o seu aval). A tutela fica no Ministério da Aviação Climática.
Creio que a sociedade irá resistir, sob pena de merecer o que os interesses estão a fazer à sua custa e nas suas barbas.
terça-feira, outubro 29, 2019
segunda-feira, outubro 28, 2019
domingo, outubro 27, 2019
cabaz do 30.º Amadora BD
Buck Rogers, de Dick Calkins e Phil Nowlan (Futura)
Cisco Kid - II, de José Luis Salinas (Futura)
Conversas com os Putos -- e com os Professores Deles, Álvaro (Insónia)
Dylan Dog -- O Velho que Lê, de Fábio Celoni (G. Floy Studio)
Dylan Dog -- Trevas Profundas, de Dario Argento, Stefano Piani e Corrado Roi (A Seita)
El Diablo, de Brian Azzarello e Danijel Zezelj (Opera Graphica)
Ermal -- Sementes no Deserto, de Miguel Santos (Escorpião Azul)
Hergé Filho de Tintin, de Benoît Peeters (Verbo)
Living Will #6, de André Oliveira e Pedro Serpa (Ave Rara)
Living Will #7, de André Oliveira e Joana Afonso (Ave Rara)
O Coleccionador de Tijolos, de Pedro Burgos (Chili com Carne)
Selva!!!, de Filipe Abranches (Umbra)
Um Capuchinho Vermelho, Marjolaine Leray (Orfeu Negro)
Undertaker -- 1. O Devorador de Ouro, de Xavier Dorison, Ralph Meyer e Caroline Delabie (Ala dos Livros)
Cisco Kid - II, de José Luis Salinas (Futura)
Conversas com os Putos -- e com os Professores Deles, Álvaro (Insónia)
Dylan Dog -- O Velho que Lê, de Fábio Celoni (G. Floy Studio)
Dylan Dog -- Trevas Profundas, de Dario Argento, Stefano Piani e Corrado Roi (A Seita)
El Diablo, de Brian Azzarello e Danijel Zezelj (Opera Graphica)
Ermal -- Sementes no Deserto, de Miguel Santos (Escorpião Azul)
Hergé Filho de Tintin, de Benoît Peeters (Verbo)
Living Will #6, de André Oliveira e Pedro Serpa (Ave Rara)
Living Will #7, de André Oliveira e Joana Afonso (Ave Rara)
O Coleccionador de Tijolos, de Pedro Burgos (Chili com Carne)
Selva!!!, de Filipe Abranches (Umbra)
Um Capuchinho Vermelho, Marjolaine Leray (Orfeu Negro)
Undertaker -- 1. O Devorador de Ouro, de Xavier Dorison, Ralph Meyer e Caroline Delabie (Ala dos Livros)
sábado, outubro 26, 2019
sexta-feira, outubro 25, 2019
quarta-feira, outubro 23, 2019
um texto magnífico sobre o problema catalão
«[...] eu, que sou o produto de uma escola espanhola, na qual a cultura catalã, a língua catalã e a literatura catalã eram uma página em branco, e que fui criado sob o espírito das glórias do espanhol D. Pelágio, do Cid Campeador, do Império de Carlos V, dos Terços de Flandres e da Armada Invencível, “abduzido” pela grandeza de uma Espanha una e não plural, no entanto aqui escrevo constatando, tarde demais, a grandiosidade de uma Península Ibérica, diversa, tão peculiar, que poderia ter sido imensa. Portugal saiu a tempo, pois hoje corria o risco de se ver protelado no uso da sua língua, entre muitas outras coisas. /
[...] defino-me como independentista à força, principalmente depois do 1 de Outubro e desta sentença. Explico: foi a Espanha que me expulsou, não fui eu que me quis ir embora.»
[...] defino-me como independentista à força, principalmente depois do 1 de Outubro e desta sentença. Explico: foi a Espanha que me expulsou, não fui eu que me quis ir embora.»
terça-feira, outubro 22, 2019
«Leitor de BD»
sobre Deadpool Mata os Clássicos! (Cullen Bunn e Matteo Lolli)
e As Investigações do Coronel Clifton (Raymond Macherot)
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Raymond Macherot
segunda-feira, outubro 21, 2019
diálogo sobre a questão catalã
Jaime Santos, cujas opiniões demoliberais prezo, pois não divergem muito das minhas, comentou este post, levantando questões que me parecem úteis trazer para aqui, em vez de ficarem perdidas numa caixa de comentários. Para facilitar a leitura, intercalo as minhas observações com o seu comentário: o texto dele vai entre aspas e em itálico, o meu vai em redondo e a bold.
«Comparar, meu caro, Saddam, Assad ou o Estado Islâmico com o PSOE ou o PP é um bocadinho puxado, penso eu (mesma coisa a compará-los com Franco).»
Duas notas:
1. Não estava a pensar em Saddam ou no Assad (duas personagens muito diferentes), mas simplesmente na Turquia e no PKK, cujo enfrentamento vai muito para além (e para trás) da era Erdogan. Aliás, o Saddam está aqui a mais, pois tratava-se de um psicopata; o Franco e o Assad são dois ditadores que mantêm o poder e a unidade territorial dos respectivos estados pela força que for precisa. Não sei por que razão quer há-de você ser benevolente para com o generalíssimo pela graça de deus...
2. Não se trata de uma questão de grau de repressão -- porque, gostemos ou não, a repressão, mais bárbara ou mais civilizada, está sempre presente --, mas do princípio elementar da autodeterminação dos povos, que aos catalães está vedada.
(Isto leva-me a falar na ignorância atrevida e crassa de muitos comentadores da questão: quando esta se levantou no ano passado, ouvi uma corifeia, a partir do palanque merdiático que detém, comparar o problema com uma eventual vontade de secessão do Porto ou coisa que o valha, para significar a absurdez da situação, no seu vesgo modo de ver. É não ter a mínima noção do que fala; mas como além de falta de noção também lhe mingua a vergonha, continua por aí a perorar, provavelmente não repetindo o dislate, pois alma caridosa provavelmente chamou-lhe a atenção para o disparate). Há dias, não um comentador mas um singelo director de informação, punha a questão secessionista ao nível do Açores e da Madeira, achando que podia comparar o incomparável, não percebendo nada (ou não querendo perceber), misturando autonomias de natureza diferente). E o que ele devia perceber é que não há espanhóis; ou então: espanhóis somos todos, como lembrou D. João II aos Reis Católicos, os tipos que armaram este sarilho. Açorianos e madeirenses são tão portugueses como transmontanos e algarvios, e não se sentem outra coisa; a Espanha é uma entidade política artificial, imposta pela força das armas, ao longo dos séculos, uma unidade de que fizemos parte em várias situações e das quais saímos porque quisemos sair, ou não quisemos entrar, em várias ocasiões, sempre pela força das armas, em duas delas contra a legalidade, com D. Afonso Henriques e D. João IV (D. Afonso V também quis subjugar Castela e dela tornar-se soberano).
«Os meios devem ser ponderados à situação presente e a Espanha ainda não começou a meter pessoas indiscriminadamente na cadeia ou a torturá-las, ou o que seja (isso não impede as presentes condenações de serem exageradas e sobretudo injustas).»
Não, meu caro, as condenações não são exageradas; provavelmente as sentenças são impecáveis, porque de acordo com a legalidade do estado espanhol, mas profundamente ilegítimas, pois negam um direito básico de qualquer povo (daí a minha referência aos curdos), o tal da autodeterminação. E as leis mudam-se, é uma questão de bom senso, ou de força...
«Quando alguém se levanta contra uma ordem constitucional (porque a presume ilegítima) deve estar preparado para sofrer as consequências. Nessa medida, Junqueras ou Forcadell merecem muito mais a minha admiração que Puigdemont. Escolhem como Gandhi (ou Mandela que mais tarde se converteu à solução política do conflito na África do Sul), sofrer pelas convicções.»
Sim, deve estar preparado, mas essas considerações implicam um julgamento que não só não adianta nada, como é bastante fácil de enunciar a partir do teclado. O exílio não deve ser um mar de rosas; em segundo lugar, não sabemos que articulação terá havido entre os protagonistas; e por fim, o Puigdemont serve a sua causa em Bruxelas, e não creio que haja catalão que não o apoie.
E, deixe-me que lhe diga, a conversa da constituição é uma treta, pois na transição todos queriam ver-se livres do regime e aceitaram todos os compromissos para acabar com o franquismo. Falar de constituição nesta altura do campeonato é de um grande cinismo (não seu, mas dos políticos de Madrid).
«Relativamente ainda à acção violenta, o insuspeito Camus disse um dia que entre a Justiça e a sua Mãe (que vivia na Argélia), ele escolheria a sua Mãe. Eu faria exactamente a mesma escolha...
E, chame-me cobarde ou reaccionário, não vou criticar nenhum Espanhol ou Catalão (Pied-Noir ou não) que faça também essa escolha. E cuidado com aqueles que a fizerem. O terror, como bem mostra a História, não é normalmente só a arma de um dos lados... A Guerra Civil de Espanha foi tudo menos um conflito entre os bonzinhos e os mauzinhos... Cuidado com o que se deseja...»
O Camus era um individualista, e bem; também eu me considero tal. As nossas opções são sempre sopesadas entre a ética e as convicções, por um lado, e os custos e danos por outro. Cada um deve ter a liberdade de agir em conformidade com a sua consciência, sem entrar no tropel da manada. Mas tenho a certeza de que faria suas as extraordinárias palavras do José Martí: «Si no luchas ten al menos la decencia de respetar a quien sí lo hace.»
O "terror". Chamar terroristas a quem pega em armas para defender-se é o que faz o Erdogan aos curdos do PKK e os que lutaram contra o Daesh, era o que o Salazar chamava aos movimentos de libertação das colónias. Não, meu caro, não faço esse favor aos opressores, mesmo que sejam opressores 'soft' ou 'light'. Se um comando catalão atacar pelas armas a sede da polícia espanhola, não serei eu quem levantará a voz para os condenar, era o que faltava. Embora, como escrevi, considere mais produtiva e inteligente um movimento de desobediência civil essencialmente pacífico e simbólico, mas eficaz.
Terror é o que fez aquele islamita em Nice, que varreu dezenas de pessoas ao volante de um camião; ou os guerrilheiros da UPA, que massacraram colonos e indígenas, mulheres e crianças no norte de Angola, em 1961, ao contrário do MPLA, que assaltou uma cadeia onde estavam presos políticos nacionalistas / patriotas angolanos. Terror é condenar um líder político a 13 anos de cadeia.
Não, a Guerra Civil foi uma insurreição contra um governo democrático legítimo, chefiada por uma ratazana cujas ossadas vão ser despejadas daquele ignominioso Vale dos Caídos, o tipo que mandou fuzilar o Companys, presidente da Generalitat durante a II República. Não há mauzinhos nem bonzinhos; quando muito tipos do lado certo e outros do outro lado.
«Mas depois, existe um pequeno problema, aparte a falta de coragem dos Partidos Espanhóis que não querem abrir a caixa de Pandora dos referendos e se preparam para abrir a do separatismo porventura violento.»
Não querem, porque a direita espanhola é profundamente reaccionária e franquista, do aldrabão do Alberto Rivera (filho de colonos andaluzes que o Franco mandou para lá, que cortou o 'o' do nome para parecer catalão) ao gajo do Vox, a extracção é toda a mesma: o PP, o partido nascido do franquismo. Fui um pouco injusto com o PSOE, que quis de facto dar um salto a tempo para outro patamar político, mas sempre bloqueado pelos franquistas do PP. É a minha embirração com o Sanchez, de que me penitencio, em período eleitoral, embora não dê nada por ele, como político ou indivíduo (um tipo que plagiou a tese, não é?...).
«A maioria dos catalães votou, nas últimas eleições, em Partidos Unionistas, a maioria presente no Parlement deve-se a um sistema eleitoral não proporcional e o mesmo se passou na anterior eleição que deu o Parlement que declarou a independência. Fazer um referendo sem sequer se dispor de uma maioria parece-me um bocadinho forçado...»
Creio que está a incluir nessa alegada 'maioria' o Podem, que em bom rigor não é unionista nem separatista (o que faz a propaganda...) E se é como você diz, não percebo por que razão os 'arriba españa' não viabilizam o referendo, gozando do seu triunfo em todas as frentes, e passam pela vergonha de serem desprezados em países civilizados. Aliás, tem-se visto quem vem para a rua em Barcelona, a defender a integração: aqueles embuçados de braço levantado em saudação fascista. Não era preciso ver, já se sabia, mas assim é mais eloquente.
«Quanto à vida ser feita de crises, bom, eu contrariamente àquele escritor francês, prefiro o aborrecimento à barbárie. O aborrecimento tem futuro, a barbárie não tem nenhum...»
Ora, somos dois! Mil vezes o aborrecimento da vida burguesa e medíocre dentro dos carris. Mas, lá está, não irei criticar quem se revolta contra a indignidade. Viver de joelhos deve ser muito aborrecido, e por vezes também deve custar a olhar para o espelho. Li já há uns bons anos uma entrevista dum escritor catalão que se assumia como independentista, e lembrava, com indignação, de como no seu tempo de criança e jovem, estava proibido de aprender a sua língua na escola. É realmente desagradável andar agachado.
Deus queira você tenha razão nesse optimismo quanto à falta de futuro da barbárie. Mas, como tenho dito, os catalães é que sabem. E note que não tenho nenhum preconceito contra os castelhanos, muito pelo contrário; mas as coisas são como são.
«Quando alguém se levanta contra uma ordem constitucional (porque a presume ilegítima) deve estar preparado para sofrer as consequências. Nessa medida, Junqueras ou Forcadell merecem muito mais a minha admiração que Puigdemont. Escolhem como Gandhi (ou Mandela que mais tarde se converteu à solução política do conflito na África do Sul), sofrer pelas convicções.»
Sim, deve estar preparado, mas essas considerações implicam um julgamento que não só não adianta nada, como é bastante fácil de enunciar a partir do teclado. O exílio não deve ser um mar de rosas; em segundo lugar, não sabemos que articulação terá havido entre os protagonistas; e por fim, o Puigdemont serve a sua causa em Bruxelas, e não creio que haja catalão que não o apoie.
E, deixe-me que lhe diga, a conversa da constituição é uma treta, pois na transição todos queriam ver-se livres do regime e aceitaram todos os compromissos para acabar com o franquismo. Falar de constituição nesta altura do campeonato é de um grande cinismo (não seu, mas dos políticos de Madrid).
«Relativamente ainda à acção violenta, o insuspeito Camus disse um dia que entre a Justiça e a sua Mãe (que vivia na Argélia), ele escolheria a sua Mãe. Eu faria exactamente a mesma escolha...
E, chame-me cobarde ou reaccionário, não vou criticar nenhum Espanhol ou Catalão (Pied-Noir ou não) que faça também essa escolha. E cuidado com aqueles que a fizerem. O terror, como bem mostra a História, não é normalmente só a arma de um dos lados... A Guerra Civil de Espanha foi tudo menos um conflito entre os bonzinhos e os mauzinhos... Cuidado com o que se deseja...»
O Camus era um individualista, e bem; também eu me considero tal. As nossas opções são sempre sopesadas entre a ética e as convicções, por um lado, e os custos e danos por outro. Cada um deve ter a liberdade de agir em conformidade com a sua consciência, sem entrar no tropel da manada. Mas tenho a certeza de que faria suas as extraordinárias palavras do José Martí: «Si no luchas ten al menos la decencia de respetar a quien sí lo hace.»
O "terror". Chamar terroristas a quem pega em armas para defender-se é o que faz o Erdogan aos curdos do PKK e os que lutaram contra o Daesh, era o que o Salazar chamava aos movimentos de libertação das colónias. Não, meu caro, não faço esse favor aos opressores, mesmo que sejam opressores 'soft' ou 'light'. Se um comando catalão atacar pelas armas a sede da polícia espanhola, não serei eu quem levantará a voz para os condenar, era o que faltava. Embora, como escrevi, considere mais produtiva e inteligente um movimento de desobediência civil essencialmente pacífico e simbólico, mas eficaz.
Terror é o que fez aquele islamita em Nice, que varreu dezenas de pessoas ao volante de um camião; ou os guerrilheiros da UPA, que massacraram colonos e indígenas, mulheres e crianças no norte de Angola, em 1961, ao contrário do MPLA, que assaltou uma cadeia onde estavam presos políticos nacionalistas / patriotas angolanos. Terror é condenar um líder político a 13 anos de cadeia.
Não, a Guerra Civil foi uma insurreição contra um governo democrático legítimo, chefiada por uma ratazana cujas ossadas vão ser despejadas daquele ignominioso Vale dos Caídos, o tipo que mandou fuzilar o Companys, presidente da Generalitat durante a II República. Não há mauzinhos nem bonzinhos; quando muito tipos do lado certo e outros do outro lado.
«Mas depois, existe um pequeno problema, aparte a falta de coragem dos Partidos Espanhóis que não querem abrir a caixa de Pandora dos referendos e se preparam para abrir a do separatismo porventura violento.»
Não querem, porque a direita espanhola é profundamente reaccionária e franquista, do aldrabão do Alberto Rivera (filho de colonos andaluzes que o Franco mandou para lá, que cortou o 'o' do nome para parecer catalão) ao gajo do Vox, a extracção é toda a mesma: o PP, o partido nascido do franquismo. Fui um pouco injusto com o PSOE, que quis de facto dar um salto a tempo para outro patamar político, mas sempre bloqueado pelos franquistas do PP. É a minha embirração com o Sanchez, de que me penitencio, em período eleitoral, embora não dê nada por ele, como político ou indivíduo (um tipo que plagiou a tese, não é?...).
«A maioria dos catalães votou, nas últimas eleições, em Partidos Unionistas, a maioria presente no Parlement deve-se a um sistema eleitoral não proporcional e o mesmo se passou na anterior eleição que deu o Parlement que declarou a independência. Fazer um referendo sem sequer se dispor de uma maioria parece-me um bocadinho forçado...»
Creio que está a incluir nessa alegada 'maioria' o Podem, que em bom rigor não é unionista nem separatista (o que faz a propaganda...) E se é como você diz, não percebo por que razão os 'arriba españa' não viabilizam o referendo, gozando do seu triunfo em todas as frentes, e passam pela vergonha de serem desprezados em países civilizados. Aliás, tem-se visto quem vem para a rua em Barcelona, a defender a integração: aqueles embuçados de braço levantado em saudação fascista. Não era preciso ver, já se sabia, mas assim é mais eloquente.
«Quanto à vida ser feita de crises, bom, eu contrariamente àquele escritor francês, prefiro o aborrecimento à barbárie. O aborrecimento tem futuro, a barbárie não tem nenhum...»
Ora, somos dois! Mil vezes o aborrecimento da vida burguesa e medíocre dentro dos carris. Mas, lá está, não irei criticar quem se revolta contra a indignidade. Viver de joelhos deve ser muito aborrecido, e por vezes também deve custar a olhar para o espelho. Li já há uns bons anos uma entrevista dum escritor catalão que se assumia como independentista, e lembrava, com indignação, de como no seu tempo de criança e jovem, estava proibido de aprender a sua língua na escola. É realmente desagradável andar agachado.
Deus queira você tenha razão nesse optimismo quanto à falta de futuro da barbárie. Mas, como tenho dito, os catalães é que sabem. E note que não tenho nenhum preconceito contra os castelhanos, muito pelo contrário; mas as coisas são como são.
domingo, outubro 20, 2019
sábado, outubro 19, 2019
sexta-feira, outubro 18, 2019
quinta-feira, outubro 17, 2019
quarta-feira, outubro 16, 2019
terça-feira, outubro 15, 2019
«Leitor de BD»
sobre Dylan dog -- Até que a Morte Vos Separe (Marcheselli, Sclavi e Brindisi)
e Little Nemo in Slumberland (Winsor McCay)
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segunda-feira, outubro 14, 2019
Catalunha, aí vamos nós
A Espanha é governada por uns consabidos merdas. O PSOE obviamente não ousa a acção política, mesmo em defesa da unidade do estado espanhol noutros moldes, mais confederais, pois teme que aquela o afaste por muitos e bons do governo, ao contrário do PODEMOS, parece, se ainda não mudou de posição. Não é de espantar a sentença a pesadas penas de prisão emanadas pelo flato do supremo castelhano. Percebe-se que a vontade de partir tudo fale mais alto, diante da indignidade, e não serei eu que irei condenar qualquer forma de luta que a sociedade catalã pretenda assumir, incluindo a armada, desde que os alvos sejam legítimos. (Não se pode ser a favor dos curdos e assobiar para o lado quando se trata da Catalunha.) Mas o mais inteligente é mesmo uma resistência firme mas não-violenta, à Gandhi, desde que a sociedade catalã esteja mobilizada para o sacrifício que tal acarreta. Nesta fase, visto de fora e à margem, parece-me ser a maneira mais eficaz de desmascarar a unidade espanhola, imposta pelo sangue. Quanto à UE, não se pode esperar grande coisa; parece que política comum só em relação ao Brexit. Talvez o Tribunal Europeu obrigue Madrid a ter vergonha na cara, o que iria abrir uma crise sem precedentes com a UE, mas a vida é feita de crises. Só espero que nenhum país se manche em relação aos exilados políticos catalães que acolhe.
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domingo, outubro 13, 2019
os milagres da criação
Joker, de Todd Phillips (2019): uma obra
que é de início um clássico. Inesquecível,
da música (Hildur Guonadóttir) à realização,
e o Joaquin Phoenix
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sábado, outubro 12, 2019
parece que sabem assinar...
Fica aí ao lado a fotografia da Joacine Katar Moreira, até tomar posse na Assembleia da República. Quanto ao lúmpen que assina esta petição tonta e mal-intencionada -- 19 mil grunhos, ou seja, o equivalente em criaturas a duas ruas compridas de qualquer subúrbio de Lisboa, e não mais do que isso --,, ficamos a saber que pelo menos conseguem assinar o nome.
sexta-feira, outubro 11, 2019
quinta-feira, outubro 10, 2019
quarta-feira, outubro 09, 2019
vozes da biblioteca
«achei que aquele silva era um imbecil dos grandes e que me estava a empatar as energias com retóricas a chegar a um ponto em que a irritação me fazia agir contra a vontade de estar quieto.» Valter Hugo Mãe, A Máquina de Fazer Espanhóis (2010)
«Não é bem a vida que faz falta -- só aquilo que a faz viver.» Vergílio Ferreira, Para Sempre (1983)
«No telhado antigo, com o pó dos tempos fixado em crostas esverdeadas que nenhuma chuva conseguia lavar, os pardais faziam o ninho na Primavera.» Ferreira de Castro, A Missão (1954)
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segunda-feira, outubro 07, 2019
«Leitor de BD»
sobre Duke -- Sou uma Sombra (Hermann & Yves H.)
e Aventuras e Desvnturas de Quim e Filipe (Hergé)
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domingo, outubro 06, 2019
sábado, outubro 05, 2019
sexta-feira, outubro 04, 2019
voto em Joacine
Em primeiro lugar, porque voto no Livre, um partido à esquerda do PS que é europeísta sem ambiguidades.
Depois, porque espero que Joacine Katar Moreira, cujo percurso de vida é muito interessante, seja a voz dos que não têm voz, em especial a voz dos indocumentados e dos imigrantes, em face de um Estado burocratizado, insensível, kafkiano.
Também gosto que seja feminista e negra.
Quanto à questão que só interessa a meia dúzia, a dos Descobrimentos, notei com agrado nesta entrevista, que há um avanço em relação a um militantismo historiográfico absolutamente nocivo - que aliás nem merece a designação de 'historiografia' -- para que se perceba e explique ao comum que o século XV não é o século XIX, e que estudar (e, sim, até celebrar) as navegações dos portugueses não é nenhuma apologia do colonialismo, nem do imperialismo e muito menos do racismo. Um historiador é um historiador; esta condição não implica neutralidade (a História não é nenhuma ciência, ao contrário do que propalavam os neo-marxianos de antepenúltima geração) -- não implica neutralidade, porém exige algo muito mais importante: o rigor.
Mas derivo, e não seria por esta discordância, para mim fundamental, que deixaria de votar nela, mesmo se houvesse razão para tal, que não há, em face da entrevista que cito. A discordância está-me inerente -- a começar pela discordância em relação a mim próprio, várias vezes...
Em suma, quero ver Joacine na Assembleia da República e o meu voto está-lhe garantido.
quinta-feira, outubro 03, 2019
Freitas
Nas presidenciais de 1985-86 a família dividia-se entre Zenha e Freitas. Claro que eu votei Zenha. Nunca votei Freitas. Li-lhe o D. Afonso Henriques (2000). Fez bem ter fundado o CDS, congregando parte da elite do Estado Novo marcelista.
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quarta-feira, outubro 02, 2019
os agentes de vigilância e de defesa do estado do politicamente correcto
Quem me conhece ou costuma passar por aqui sabe que sou profundamente anti-racista e anti-xenófobo, que prezo a dignidade individual como o bem maior que uma comunidade cidadãos deve garantir a todos e cada um dos seus membros; ou de como gosto de evocar uma bisavó brasileira mulata que não tive a sorte de conhecer, originária de Pernambuco, e certamente descendente de escravos africanos.
Em Inglaterra, pelo que sei, a sanha do politicamente correcto é exercida com acutilância e estupidez agravada. Lembro-me do episódio da remoção imbecil dum quadro pré-rafaelita, creio, das paredes dum museu; ou dum inacreditável episódio que me contou um aluno, em que a associação de estudantes da sua universidade recomendou que no halloween ninguém se mascarasse de índio ou cowboy, porque tal teria um significado pejorativo de apropriação cultural... A última foi este episódio que envolve Bernardo Silva e o seu amigo e colega de equipa Benjamin Mendy, com a federação inglesa a fazer o papel de idiota de turno.
Há muito que a liberdade está condicionada pelos censores do politicamente correcto -- expressão que odeiam, pois desmascara-lhes a fachada pretensamente liberal (quando não libertária...), estraga-lhes o disfarce de alegada irreverência. Mas de liberais ou libertários não têm nada; não passam de moralistas, no pior sentido do termo.
Quem me conhece e costuma passar por aqui também sabe da minha impaciência para com a desonestidade, a preguiça intelectual e os comportamentos de manada. É um dos meus traços de carácter, além de um especial prazer em afirmar que o rei vai nu, quando tal se me afigura. Parece-me que a esquerda pensante, por cobardia, comodismo, incapacidade (o costume) deixou-se capturar pelos sacerdotes e sacerdotisas do politicamente correcto, com pulsões autoritárias, claro, e acolitados pelos idiotas úteis, como sempre.
A uma dessas sacerdotisas que se arrogou a faculdade de dizer quem era de esquerda ou não nas páginas de um jornal, deve dizer-se que ser de esquerda é defender a liberdade e a dignidade individuais, com tudo o que isso significa (para bom entendedor...); e que quem tem vocação para policiar os comportamentos alheios e formatar a maneira de pensar, não tem nada de esquerda, de liberal, nem democrata, mas antes vocação para agente de segurança.
E já agora, como me situo à esquerda, pese o meu conservadorismo (que também acarinho), convém dizer que um dos combates dos próximos anos será pela liberdade, simplesmente.
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da impaciência
terça-feira, outubro 01, 2019
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