segunda-feira, outubro 14, 2019

Catalunha, aí vamos nós

A Espanha é governada por uns consabidos merdas. O PSOE obviamente não ousa a acção política, mesmo em defesa da unidade do estado espanhol noutros moldes, mais confederais, pois teme que aquela o afaste por muitos e bons do governo, ao contrário do PODEMOS, parece, se ainda não mudou de posição. Não é de espantar a sentença a pesadas penas de prisão emanadas pelo flato do supremo castelhano. Percebe-se que a vontade  de partir tudo fale mais alto, diante da indignidade, e não serei eu que irei condenar qualquer forma de luta que a sociedade catalã pretenda assumir, incluindo a armada, desde que os alvos sejam legítimos. (Não se pode ser a favor dos curdos e assobiar para o lado quando se trata da Catalunha.) Mas o mais inteligente é mesmo uma resistência firme mas não-violenta, à Gandhi, desde que a sociedade catalã esteja mobilizada para o sacrifício que tal acarreta. Nesta fase, visto de fora e à margem, parece-me ser a maneira mais eficaz de desmascarar a unidade espanhola, imposta pelo sangue. Quanto à UE, não se pode esperar grande coisa; parece que política comum só em relação ao Brexit. Talvez o Tribunal Europeu obrigue Madrid a ter vergonha na cara, o que iria abrir uma crise sem precedentes com a UE, mas a vida é feita de crises. Só espero que nenhum país se manche em relação aos exilados políticos catalães que acolhe. 

2 comentários:

Jaime Santos disse...

Comparar, meu caro, Saddam, Assad ou o Estado Islâmico com o PSOE ou o PP é um bocadinho puxado, penso eu (mesma coisa a compará-los com Franco).

Os meios devem ser ponderados à situação presente e a Espanha ainda não começou a meter pessoas indiscriminadamente na cadeia ou a torturá-las, ou o que seja (isso não impede as presentes condenações de serem exageradas e sobretudo injustas).

Quando alguém se levanta contra uma ordem constitucional (porque a presume ilegítima) deve estar preparado para sofrer as consequências. Nessa medida, Junqueras ou Forcadell merecem muito mais a minha admiração que Puigdemont. Escolhem como Gandhi (ou Mandela que mais tarde se converteu à solução política do conflito na África do Sul), sofrer pelas convicções.

Relativamente ainda à acção violenta, o insuspeito Camus disse um dia que entre a Justiça e a sua Mãe (que vivia na Argélia), ele escolheria a sua Mãe. Eu faria exactamente a mesma escolha...

E, chame-me cobarde ou reaccionário, não vou criticar nenhum Espanhol ou Catalão (Pied-Noir ou não) que faça também essa escolha. E cuidado com aqueles que a fizerem. O terror, como bem mostra a História, não é normalmente só a arma de um dos lados... A Guerra Civil de Espanha foi tudo menos um conflito entre os bonzinhos e os mauzinhos... Cuidado com o que se deseja...

Mas depois, existe um pequeno problema, aparte a falta de coragem dos Partidos Espanhóis que não querem abrir a caixa de Pandora dos referendos e se preparam para abrir a do separatismo porventura violento.

A maioria dos catalães votou, nas últimas eleições, em Partidos Unionistas, a maioria presente no Parlement deve-se a um sistema eleitoral não proporcional e o mesmo se passou na anterior eleição que deu o Parlement que declarou a independência. Fazer um referendo sem sequer se dispor de uma maioria parece-me um bocadinho forçado...

Quanto à vida ser feita de crises, bom, eu contrariamente àquele escritor francês, prefiro o aborrecimento à barbárie. O aborrecimento tem futuro, a barbárie não tem nenhum...

R. disse...

Boas observações, meu caro, que pedem resposta desenvolvida. Espero dar-lha neste fim-de-semana, que para mim vai ser curto, aqui ou em post a propósito.
abraço