domingo, dezembro 31, 2017
sábado, dezembro 30, 2017
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domingo, dezembro 24, 2017
sábado, dezembro 23, 2017
sexta-feira, dezembro 22, 2017
tudo mais interessante
Nas eleições mais participadas de sempre, maioria absoluta dos independentistas catalães, com os seus líderes no exílio e na prisão; pulverização do PP -- 3 deputados 3 --, com voto útil do espanholismo franquista no Ciudadanos, resultados medíocres de PS e Podem, com posições intermédias quanto à questão da soberania, e provavelmente divididos internamente.
A seguir: reacção de Madrid, Rajoy e Felipe VI, derrotados em toda a linha -- a tradição manda esperar o pior; movimentações de Puidgemont, o verdadeiro vencedor das eleições; e, em face das configurações do tabuleiro, a acção da UE, e, em particular de Portugal -- também aqui a tradição autoriza o pessimismo.
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quinta-feira, dezembro 21, 2017
quarta-feira, dezembro 20, 2017
«A Roda Gigante»
Woody Allen pegou num shaker, meteu-lhe Tchékhov, Arthur Miller e Ingmar Bergman, mais uns pós de Woody Allen, e serviu um filme de Woody Allen, que se vê e até se gosta, principalmente porque Kate Winslet é memorável.
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segunda-feira, dezembro 18, 2017
domingo, dezembro 17, 2017
sábado, dezembro 16, 2017
sexta-feira, dezembro 15, 2017
quinta-feira, dezembro 14, 2017
televisões, seitas, arrivistas e restante escória
É o sistema circulatório duma sociedade livre e tendencialmente democrática, a liberdade de imprensa. Os canais privados de televisão são uma lixeira a céu aberto; mas, de vez em quando, há que tirar o chapéu à sua informação e aos seus jornalistas. Em dois dias, duas reportagens que escancaram os interiores nauseabundos deste país.
"Raríssimas". Provavelmente uma excelente instituição a cumprir, por ausência do Estado, um papel necessário. A circunstância de ser dirigida por uma arrivista que se sabe mexer -- como todas as ridículas criaturas deste jaez --, não põe em causa as ipss no seu todo. O que mostra é, duplamente, a ausência do Estado: na existência de um serviço público que preste esse serviço, e na fiscalização do funcionamento dessas entidades, que dão imenso jeito para a canalha do bloco central dos interesses se ir amanhando.
"Iurd". Chegam-me ecos, que não tenho estômago para acompanhar (se as religiões formais já me suscitam as maiores reservas, as seitas provocam-me repugnância física). Sobre o assunto, digo apenas que iurdes e organizações do mesmo calibre são associações de banditismo que funcionam nas nossas barbas, a coberto de noções de banda larga de liberdade religiosa. Sendo associações de malfeitores, deveriam ser perseguidas e fechadas.
Aliás, seitas e televisões, mais o espertalhões que as controlam, servem-se hipocritamente dos conceitos benignos de liberdade (de imprensa, religiosa, etc.) para encherem os bandulhos e conspurcarem o espaço público, contando, obviamente com uma teia de cumplicidade que vai do interesse inconfessável à cobardia política, e para os quais contam com a passividade geral e a idiotia do costume.
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terça-feira, dezembro 12, 2017
uma carta de Camilo Castelo Branco
Dadas à estampa por um seu neto, Luís Norton, as cartas de Tomás Mendes Norton a Camilo versam sobre uma hipotética fantasia de o mosteiro medieval de Refojos do Lima dever o traço do seu restauro e as linhas de alguns azulejos respectivamente a Bramante e a Rafael, por intermediação do Cardeal Alpedrinha, D. Jorge da Costa, grande figura da Igreja Católica. Essa atribuição, contestada pelo organizador deste voluminho de uma dúzia de missivas de Camilo, não obteve acolhimento posterior, sendo atribuídas as ousadas propostas pelo descendente a um espírito peculiar composto por romantismo tornado obsessão, que levaria o proprietário à ruína, não se ocupando de qualquer outra coisa que não fosse a comprovação dessa sua teoria, publicando, em 1888, uma obra, vertida para o francês: Études sur les Oeuvres d'Art de Raphael Sanzio d'Urbino au Monastère de Refojos do Lima. A esta ideia, ao que parece mirabolante, dará Camilo, amigo do pai do correspondente, todo o lastro. (aqui)
segunda-feira, dezembro 11, 2017
domingo, dezembro 10, 2017
sábado, dezembro 09, 2017
quinta-feira, dezembro 07, 2017
Cooperação Estruturada Permanente -- pescamos pouco disto, mas não devíamos
A PESCO, ou Cooperação Estruturada Permanente, em burocratês europeu. No descaso geral, e o que parece ser um amadorismo (ou leviandade) preocupante do governo e o voluntarismo do PR em fazer parte do pelotão da frente na constituição de um exército europeu em embrião, levanta as maiores dúvidas e preocupações.
Portugal -- que daqui a onze anos completará nove séculos de existência (Batalha de São Mamede, 1128) -- tem, no que respeita à política externa, três esteios a que não pode e/ou não deve fugir: a Geografia, a História e a Cultura.
Na Geografia, somos um país europeu de fachada atlântica e influência mediterrânica, e o estado no Velho Continente com as fronteiras definidas há mais tempo. As nossas prioridades e os nossos interesses geopolíticos permanentes (e aqui, à Geografia soma-se a História) serão sempre os nossos vizinhos: Espanha e Estados Unidos da América (e, por extensão, a Inglaterra), a Bacia do Mediterrâneo, em particular Marrocos, o Brasil e África de expressão portuguesa. Finalmente, por coerência cultural e opção civilizacional, pertencemos a um vasto complexo político e institucional que dá pelo nome de União Europeia, que tendo as suas implicações, não deve comprometer os vectores de política externa referidos.
Ora para quem como eu, foi e é, um defensor da União Europeia e do seu aprofundamento confederal, já não pode encarar com a mesma inocência de outrora, desde a crise das dívidas soberanas e do comportamento da Alemanha (pela acção) e da França ou da Itália (pela inacção), os riscos de construir mais uma vez pelo telhado um edifício de defesa comum sem garantias institucionais que têm de passar por patamares de poder e decisão de configuração confederal.
A história recente tem mostrado que na política da UE tem prevalecido a lei do mais forte, e por isso corremos o risco de sermos arrastados para conflitos em que os interesses não são os nossos, como sucedeu na Ucrânia, uma fraude arranjada pela Alemanha e amigos próximos, e na qual a Rússia mostrou não estar pelos ajustes -- e bem, do seu ponto de vista, e já agora do meu também.
Portugal, país europeu de dimensão média, tem, pois, a espessura de uma longa História e de uma forte identidade, e deve agir de acordo com ela. Que um assunto desta magnitude esteja a ser tratado politicamente em cima do joelho, isso sim, é um erro histórico.
quarta-feira, dezembro 06, 2017
"Como és belo, meu Portugal"*
"Túmulo de Alexandre Herculano transformado em bengaleiro". / "Forte onde Salazar caiu da cadeira está quase totalmente destruído"
Não se admirem, por favor; quanto aos Painéis, quando Joaquim de Vasconcelos, na companhia de Ramalho Ortigão, deu com a obra de Nuno Gonçalves, em S. Vicente de Fora (que haviam já sido assinalados pelo monsenhor Elviro dos Santos), aqueles foram salvos de servirem como tábuas para andaimes, ou coisa que o valha. O Forte de Santo António, nem é tanto por lá ter caído o velho Botas, mas a memória da Restauração e da independência nacional que representa a quase totalidade das fortificações marítimas, mandadas erigir por D. João IV, para prevenir uma invasão espanhola, semelhante à do Duque de Alba, em 1580 -- função simétrica, aliás, às dos castelos da raia.
Coisas que não interessam nada a quase ninguém. É o tal défice de que falava Costa.
Coisas que não interessam nada a quase ninguém. É o tal défice de que falava Costa.
(* Luís Cília)
terça-feira, dezembro 05, 2017
segunda-feira, dezembro 04, 2017
o défice de conhecimento
Tenho escrito, recorrentemente, que o atraso português -- que só começou a ser invertido há pouco mais de quarenta anos, com o 25 de Abril --, serve ainda de explicação para a ausência de massa crítica que caracteriza uma boa parte da nossa comunidade. E não chega culpar o Salazar; este herdou o país que herdou: despovoamento e exaurimento populacional do território com a aventura da Expansão e Descobrimentos, Inquisição, invasões napoleónicas que desestruturaram o país, uma guerra civil sangrenta, a substituição dum corpo dirigente imobilista por um conjunto de arrivistas e devoristas, que viram chegar a sua vez de se saciar com a nação e os seus bens. Salazar é culpado, sim, não tanto por ser um produto genuinamente nacional de conservantismo, mas por ter afinado uma sociedade policiada (a pide, sim a pide, e os milhares de informadores que ainda se cruzam connosco na rua, ou existiram nas nossas famílias, amigos ou vizinhos), com o objectivo primeiro de se conservar no poder. Ao fim de quarenta anos, os indicadores civilizacionais melhoraram, pudera, mas, em 1974, não deixavam de nos envergonhar a todos. Isso explica, em boa parte, a consabida pobreza das elites no presente, e não apenas políticas. António Costa está, por isso, cheio de razão, 43 anos após a Revolução, ao identificar o nosso principal défice . A seguir a 1974, houve que democratizar o ensino, como todos os custos de nivelamento por baixo que tal implicou; o que importa no presente é continuar a elevar o nível da escola pública e, acima de tudo, o sentido crítico. Com uma filha no 9.º ano, o último do chamado Ensino Básico, vejo um programa bem nutrido nas ciências e indigente no Português e na História, e temo que vá piorar no secundário, a exemplo do que sucedeu com os seus irmãos, com a secundarização das Humanidades. O melhor que uma escola pode dar aos seus alunos é ensinar a pensar e, como ontem disse o PM, a gostar de aprender. Mas isso só será possível com professores que saibam pensar e gostem de aprender, para além de ensinar. Ainda estamos mal, nisso.
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terça-feira, novembro 28, 2017
segunda-feira, novembro 27, 2017
domingo, novembro 26, 2017
no LEFFest #17
Heaven's Gate, de Michael Cimino (EUA, 1980). «Homenagem -- Isabelle Huppert». Um épico para finalizar o LEFFest, que é também uma celebração do cinema; episódio(s) da construção da América, feita a ferro e fogo.
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sábado, novembro 25, 2017
no LEFFest #16
Cosmopolis, de David Cronenberg (Canadá, França, Portugal e Itália, 2012). «Sessões especiais -- Cinema». É o filme de Cronenberg de que menos gostei; cheira-me que está demasiado preso ao texto do romance homónimo de Don Delillo, que não li. O tema não pode ser mais actual e pertinente, muitos diálogos são riquíssimos e os desempenhos excelentes, mas suspeito que o filme não descola do livro e que, embora se trate de linguagens estéticas diferentes, é neste que reside o proveito da fruição.
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no LEFFest #15
Verão Danado, de Pedro Cabeleira (Portugal, 2017). «Selecção oficial -- Em competição». É um primeiro filme dum jovem realizador, não queria ser muito desagradável; mas achar que isto é um filme sequer potável é entrar no domínio do embuste. De julgam que exagero, basta confrontá-los com alguns dos outros sete filmes a concurso: o coreano, o russo, o búlgaro, o iraniano, o francês, o norte-americano. Até o lituano, que é mau, está uns furos acima do 'nosso', com Locarnos e tudo.
É isto que sai da Escola Superior de (Teatro e) Cinema. O melhor é fechá-la, fazer outra ao lado e mandar vir professores de fora, que os rapazes e raparigas não têm culpa de tanta charlatanice. Não houve um filme português a concurso (um só!) que eu tivesse visto em várias edições do LEFFest (e não vi todos, sempre por impossibilidade de horário) -- não houve um sequer aceitavel... Como diria o outro: "ver para descrer".
sexta-feira, novembro 24, 2017
no LEFFest #14
Last Flag Flying, de Richard Linklater (EUA, 2017). «Selecção oficial -- Fora de competição & antestreias». Um filme cheio de palavras. Quando o cinema americano é bom, é óptimo.
no LEFFest #13
Tesnota, de Kantemir Balagov (Rússia, 2017). «Selecção oficial -- Em competição.» Filme duma realidade crua: o Cáucaso russo em 1998. As tensões étnicas larvares, com a guerra ao lado, na Tchetchénia. Dispensava-se a extensão das imagens da chacina dos soldados eslavos, usadas, porém, sem intuitos propagandísticos (aliás, pelo nome, verifica-se que o realizador não é de etnia russa), e justificadas pela narrativa. Mas nem tanto, no entanto. Uma actriz esplêndida: Darya Zhovner.
quinta-feira, novembro 23, 2017
no LEFFest #12
Pictures Of The East, de Sandro Kanchelo e Gidon Kremer. «Sessões especiais -- Música». Para mim, o momento mais alto do LEFFest, até agora. Um curta-metragem de animação, de 28 minutos (precedida da execução, por Kremer, dos Preludes To A Lost Time, de Mieczyslaw Weinberg) a partir do magnífico trabalho do artista sírio Nizar Ali Badr, cujos esforços de Paul Branco para tê-lo no festival foram gorados pela recusa das autoridades da UE concederem o visto para esse efeito. Nem vou comentar, mas quando me aparecer o vinhático Juncker no ecrã, não vou reprimir dois ou três palavrões.
no LEFFest #11
A Ciambra, de Jonas Carpignano (Itália, EUA, França e Alemanha, 2017). «Selecção oficial -- Em competição». Não o vi todo, mas o que vi foi bom.
brincar à política
(Um parênteses nos filmes.) O que é esta decisão sobre o Infarmed, sem ouvir os trabalhadores, senão leviandade e uma noção um bocado transviada de que os serviços do estado estão à mercê dos caprichos do político de turno? Inqualificável. Lembra-me a anedota da transferência duma secretaria de estado da Agricultura para a Golegã, no governo do Santana Lopes. E nada tem que ver com o provincianismo do Rui Moreira, que escreve parvoiçadas do fb, e depois apaga, e que nem merece um comentário, de tão pacóvio. Tomáramos nós que Lisboa estivesse descongestionada. Mas parece que Costa gosta de agradar a Moreira, vá-se lá saber porquê.
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quarta-feira, novembro 22, 2017
no LEFFest #10
Crash, de David Cronenberg (Canadá, 1996). «Simpósio internacional -- Pode a arte ser ainda subversiva?» A pergunta é irritante e tonta: não há arte sem subversão; e neste filme de Cronenberg a subversão não está, quanto a mim, na sexualidade, digamos, desviante, ou coisa que o valha (acho que nem há 21 anos, tantos quanto leva o filme), mas na reificação do sexo, um dos aspectos da coisificação do ser humano -- fenómeno que diariamente nos tenta fecundar com cinco letras. A arte é indissociável da libertação individual, de quem a pratica, executando-a e de quem a recria, usufruindo-a (ou de quem a usufrui, recriando-a). Nesse sentido é sempre subversiva. Não o sendo, não é arte, mas espertalhice, publicidade, entretenimento para televisões, mercados de arte, desfiles de moda, e até, porventura, festivais de cinema.
no LEFFest #9
As Guardiãs, de Xavier Beauvois (França, 2016). «Selecção oficial -- Em competição.» Título equívoco, pois as mulheres guardam mais o desenrolar quotidiano com um mínimo de sobressaltos, estando os homens mobilizados; guardam(-se) também de inconveniências várias, inclusivamente reputacionais, mesmo que para tal seja preciso torturar a realidade. Produção de altíssimo nível, o nível do cinema francês. A certa altura desfilavam no ecrã as telas e as mulheres do Pissarro. Notável.
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terça-feira, novembro 21, 2017
no LEFFest #8
Lou Reed's Berlin, de Julian Schnabel. (EUA, Reino Unido, 2007). «Retrospectiva Julian Schnabel». Concept album de 1973, produzido pelo grande Bob Ezrin (Aerosmith, Alice Cooper, Kiss, Peter Gabriel, Pink Floyd, etc.), foi um flop comercial e também banda sonora da vida de Schnabel, que, amigo de Lou Reed, realizou este concerto. Tê-lo visto esta noite, já valeu o LEFFest.
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no LEFFest #7
Frost, de Sharuna Bartas (Lituânia, França, Ucrânia e Polónia, 2017). «Selecção oficial -- Em competição.» Mauzote, pretensioso e propagandístico, embora tente parecer que não o é. Sem surpresa, porém, dadas as 'entidades' envolvidas. Mas, acima de tudo, mauzote.
segunda-feira, novembro 20, 2017
no LEFFest #6
Um Homem Íntegro, de Mohamad Rasoulof (Irão, 2017). «Selecção oficial -- Em competição». Alguma coisa vai mudando lentamente no Irão para que se nos apresente com um filme tão subversivo como este. Da corrupção à religião, nada lhe escapa. Filme que vem de uma das cinematografias mais interessantes e estimulantes com que tenho contactado. Tomara o pífio cinema português, que, com as honrosas excepções, oscila entre a alarvidade atávica e o onanismo especioso, acessoriamente masturbado pela imprensa arty e tontinha (vá, também com excepções) -- quem me dera que o pífio cinema português, repete-se, a séculos luz do cinema do Irão, pudesse aprender qualquer coisa com ele.
no LEFFest #5
Lucky, de John Carroll Lynch (EUA, 2017). «Selecção oficial -- Em competição». "E diante do nada, que fazemos? Sorrimos..." Escrito a pensar em Harry Dean Stanton, que já não o viu.
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no LEFFest #4
Western, de Valeska Grisebach (Alemanha, Áustria e Bulgária, 2017). «Selecção oficial -- Em competição.» Exercício interessante a propósito do choque de culturas e de mentalidade: o estrangeiro, outro, no seio aldeão, fechado e desconfiado.
domingo, novembro 19, 2017
no LEFFest #3
O Dia Seguinte, de Hong Sang-Soo (Coreia, 2017). «Selecção oficial -- Em competição». Ou Bergman no Extremo Oriente. Óptima direcção de actores e excelentes pormenores de realização.
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no LEFFest #2
Loulou, de Maurice Pialat (França, 1980). «Homegam -- Isabelle Huppert». "Loulou" (Depardieu), apenas porque se tornou na vertigem de "Nelly" (Huppert, incandescente), personagem central deste filme.
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no LEFFest #1
Noutro País, de Hong Sang-Soo (Coreia e França, 2012). «Homenagem -- Isabelle Huppert». Ideia bem sacada, mas nem nem Huppert, «actriz de mestria ilimitada», nas palavras de Susan Sontag, ou o final poético chegam para salvar um argumento que se enreda e tropeça,
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sábado, novembro 18, 2017
quinta-feira, novembro 16, 2017
estampa CCLXXI - [atribuído a] Leonardo da Vinci
Salvator Mundi (c. 1490-1519)
(colecção particular)
Arrematada ontem, em Nova Iorque, por 381,6 milhões de euros, esta cifra é para mim irrelevante: se de Leonardo, esta pintura não tem preço, por isso tanto monta dar por ela 381 euros ou 381 mil milhões; se de Leonardo, o seu valor não tem preço. Epítome do génio humano, Leonardo é um dentre as poucas centenas de verdadeiros imortais, dos biliões de seres humanos que já viveram, por isso, tudo quanto saiu das suas mãos e do seu espírito será sempre de valor inapreensível ao mercadejar dos leilões e dos coleccionadores.
Não sei se é ou não de Leonardo, a autoria está sujeita a discussão. Para mim, leigo em história da arte, há dois dados que me parecem seguros: em primeiro lugar, trata-se de uma obra a muitos títulos magnífica; depois, afigurasse-me quase incontroverso que este Salvator Mundi não pode deixar de ter saído da sua oficina, dele só ou com os aprendizes.
E se eu fosse bilionário, caprichoso no gosto e no luxo de ter um Leonardo para contemplar em minha casa e mostrá-lo aos outros? Impossível pôr-me nesse lugar (nem mil, quanto mais bil...); porém uma aquisição como esta só faria sentido partilhando-a com a comunidade, doando-a ao país, com as devidas salvaguardas quanto à sua integridade e garantias de nunca ela ser passível de alienação. É preciso ter um ego transviado para guardar isto só para si.
quarta-feira, novembro 15, 2017
terça-feira, novembro 14, 2017
sentir-se bem em sua pele
Garret era um extraordinário bon vivant; nada do que respeitasse aos prazeres da vida lhe era alheio, o que não o inibiu de alcandorar-se em figura de primeira grandeza na vida pública e cultural do seu tempo. O legado político e literário confronta bem com as fraquezas, ou fortalezas -- depende do ponto de vista --, de João Baptista da Silva Leitão. E é isso que o capítulo inicial das Viagens evidencia em cada frase. Atente-se no sumário do capítulo I:
«De como o autor deste erudito livro se resolveu a viajar na sua terra, depois de ter viajado no seu quarto; e como resolveu imortalizar-se escrevendo estas viagens. -- Parte para Santarém. -- Chega ao Terreira do Paço, embarca no vapor de Vila Nova; e o que aí lhe sucede. A Dedução Cronológica e a Baixa de Lisboa. -- Lord Byron e um bom charuto. -- Travam-se de razões os íhavos e os bordas-d'água: -- os da calça larga levam a melhor.» Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra [1846], Mem Martins, Publicações Europa-América, 1976, p. 9.
Todo o tom é optimista, gozoso e sadio: o prazer da partida, a literatura, a paisagem, a política, mesmo quando adversa, as pessoas, a coloquialidade e a ironia, os pequenos prazeres, o humor -- acima de tudo. O tom de alguém que agarrou a vida com as duas mãos, dela sabendo retirar recompensa estética e sensorial, permitida ou conquistada. É um estilo de alguém que se sente muito bem na sua pele.
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segunda-feira, novembro 13, 2017
um país sem futuro
Esta historieta do Panteão é acima de tudo reveladora da indignidade dos círculos do poder (o passa-culpas grotesco governo-oposição); é uma manifestação da desvergonha do nosso atraso e da nossa saloiice: qualquer monumento, palácio, museu está sujeito a albergar um repasto, basta ter a carteira suficientemente recheada e gosto duvidoso.
"Web Summit", nada contra e, desde o início, nenhum interesse; os orgasmos analfabetos da imprensa, ainda me deixam a rosnar sozinho, mas cada vez ligo menos. (Qualquer dia desisto -- já estive mais longe --, e arranjo um Vale de Lobos à minha pobre medida.) Porém, em face dos deslumbramentos da semana passada -- alguns, certamente justificados -- lembrava-me da sala de concertos do Conservatório Nacional, entre outras coisas que não interessam a ninguém, nem sequer ao Menino Jesus, que renasce para o mês que vem: o património histórico ao abandono, dos castelos aos clássicos da nossa língua, que deveriam ter um programa em larga escala e competência editorial em edições acessíveis, a pensar em nós, portugueses, e naqueles a quem coube em sorte partilhar o nosso idioma. Nada, nada, nada -- zero.
Por falar em memória histórica, um programa excepcional de Fernando Rosas sobre o colonialismo português, é transmitido em horário envergonhado, na RTP2, à hora dos telejornais indigentes dos três canais. O desconhecimento da História não aproveita a ninguém; pelo contrário, é substituído pelo preconceito e pelas ideias feitas -- as mesmas que não nos permitiram assumir de frente a nossa história recente, deixando entregues a si próprios quantos combateram pelo "império" e serviram de carne para canhão, alimento de básicos interesses de dominação mascarados de nacionalismo transcendente. Uma vergonha nunca vem só.
Este alinhavar desencantado -- e exemplos não me faltam --, para dizer apenas a seguinte banalidade: um país que não valoriza a sua memória histórica, senão quando ela serve para propaganda e obtenção de votos, não é só um país indigno, é também um país sem futuro.
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domingo, novembro 12, 2017
sexta-feira, novembro 10, 2017
quinta-feira, novembro 09, 2017
uma carta de Ferreira de Castro
Parece que causou controvérsia a questão do adultério da protagonista de Terra Fria (1934) na então longínqua Padornelos. Ao contrário do que pode parecer, a paciência de Ferreira de Castro foi infinita, em face dos pundonores (provincianos) desgravados.
(aqui)
quarta-feira, novembro 08, 2017
terça-feira, novembro 07, 2017
uma terra sem amos nem apparatchiks
Já não sei quantas vezes aqui escrevi que a melhor vacina que tive para a prevenção do bolchevismo e o comunismo soviético (há outros comunismos) foi a leitura, ainda muito jovem, do Soljenitsin. O Marc Ferro também ajudou, alguns anos depois; e a visão, ainda fresca, da Primavera de Praga -- os tanques do Pacto de Varsóvia contra o povo nas ruas de Praga (o Dubcek é outro dos meus heróis, também já o escrevi, mais de uma vez).
Acontecimento magno da história do século XX, quem o duvida? Revolução mais do que justificada numa autocracia? Igualmente (a execução vil de toda a família imperial não faz esquecer os crimes de Nicolau II e do seu círculo). Que sem ela, as condições de vida dos trabalhadores ocidentais teria sido outra? Parece mais do que evidente. Nunca saberemos que caminho seguiria a Rússia sem a Revolução de Outubro, com Nicolau II ou com Kerensky. Sabemos que Lénin e Trótski tomaram e consolidaram o poder que a Rússia Branca não estava disposta a permitir, tendo, em simultâneo desbaratado os anarquistas de Nestor Makno e outros, nada dispostos a deixarem-se manietar pelos comunistas autoritários, numa velha contenda que vinha do século anterior. E sabemos, também, que a União Soviética, criada em 1922, é uma configuração de Stálin após a eliminação interna dos inimigos, reais ou supostos. É Stálin que torna a Rússia uma superpotência e é com a sua morte, em 1953, que se inicia o declínio. Krushtchev é uma válvula de escape; Brejnev, a sedimentação do estado totalitário e um novo desenvolvimento do imperialismo soviético em taco-a-taco com o americano: Vietname, Iémen do Sul, Angola, Afeganistão, cada um usando(-se) (d)os seus peões. Depois da grotesca parada de senectude ao mais alto nível (Andropov, Tchernenko), Gorbachev foi o homem certo na altura (im)própria. A circunstância de a queda da União Soviética, desmoronando-se de podre, ter ocorrido praticamente sem baixas, é um milagre bem palpável que a Humanidade deve a Gorbachev. Ieltsin (um bebedolas, provavelmente comprado pelos americanos), e Putin, um político frio e superiormente inteligente (muito mais do que gostaria o imperialismo americano -- imperialismo de rapina, como é condição de todos os imperialismos) -- (Ieltisn e Putin) são já protagonistas de outra realidade, que nem por isso deixa de ser herdeira da finada URSS, tal como esta, quando necessário, foi buscar o substrato à alma da Mãe Rússia.
segunda-feira, novembro 06, 2017
domingo, novembro 05, 2017
Catalunha: nacionalismos, internacionalismos, outras confusões e alguns farsantes
Sou um cosmopolita e aspiro a uma Europa confederal. Faço minhas as palavras do Mitterand, segundo o qual "o nacionalismo é a guerra". É, porém, evidente -- ou deveria sê-lo para quem se detivesse a pensar um pouco -- que este cosmopolitismo, ou mesmo um internacionalismo de qualquer espécie, só é aplicável a jusante da autodeterminação. Daí que sejam especialmente patetas as observações que pretendem condenar o independentismo catalão a pretexto de uma pretensa aversão aos nacionalismos, como ontem tive a infelicidade de ouvir a dois legumes. Seria como se condenássemos os nacionalistas angolanos, moçambicanos e guineenses, que pretendiam ver-se livres da tutela portuguesa, em nome de bonitos princípios. Princípios de resto que estes indivíduos evocam conforme lhes apetece -- dando de barato, com alguma boa-vontade de que sabem do que falam, o que nem é certo.
E a propósito de princípios, gostaria que me demonstrassem de que modo alguém pode afirmar-se democrata, se endossa de bom grado ao poder vigente a possibilidade de impedir que um povo possa ser auscultado sobre a sua autodeterminação. Não é claramente um democrata; não passa dum oportunista e dum farsante se se disser tal.
Mais: como pode alguém definir-se como liberal (um termo nobre, diga-se), liberal numa concepção de largo espectro, que pode ir dum certo conservadorismo não-reaccionário até ao liberalismo mais extremo, que é o anarquismo, como se pode definir esse alguém como liberal se pactua e aplaude o poder da força de um estado central? Será um liberal de acordo com as suas conveniências. É pouco, não serve, não interessa.
(Curiosamente a luta pela autodeterminação catalã, não apenas lá, como cá, compreende um conjunto de defensores muito lato, precisamente do conservadorismo ao campo libertário. Do outro lado, por cá, descontando os que não sabem o que dizem, os autoritários, os argentários e suas derivações e uma categoria de criaturas que está comprometida com o poder, lesto em assinar por baixo as directivas de Rajoy.)
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sábado, novembro 04, 2017
sexta-feira, novembro 03, 2017
"Puigdemont no país de Hergé"
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Hergé,
Oriol Junqueras,
Tomás Serrano
Estúpido de seu natural, o franquismo vai mordendo os iscos
Sem prejuízo de análise mais fina, registo o enterranço do espanholismo, que se põe a si próprio numa posição insustentável: até 30 anos de cadeia?; quanto milhões de euros de fiança? Daria vontade de rir, se não fosse grave. Entretanto, o independentismo catalão quanto mais acossado, mais forte, neste jogo do gato e do rato, sem erros, com uma bem sucedida estratégia de internacionalização e ainda sem um morto, felizmente. O franquismo, estúpido de seu natural, a morder todos os iscos.
quinta-feira, novembro 02, 2017
uma carta de António Sérgio
Carta que espelha o ambiente das elites intelectuais no final da República: António Sérgio, elemento da Seara Nova, grupo que se situava na ala mais à esquerda de regime; António Sardinha, o membro mais destacado do Integralismo Lusitano, defensor da monarquia tradicional, cujo órgão era a Nação Portuguesa. No entanto, para além dos pólos opostos em que ambos os grupos se situavam no espectro político, por mais de uma vez convergiram na acção cultural, de que a revista Lusitânia foi um dos exemplos. Sérgio, escreverá o seu artigo polémico na Seara, mas já não obterá resposta de Sardinha, que entretanto falece. É muito interessante verificar que o jovem Castelo Branco Chaves (24 anos) é o mediador deste desentendimento, -- suscitado pelo livro de Manuel Múrias, O Seiscentismo em Portugal (1923) --, uma vez que fora monárquico integralista, sendo o seu primeiro ensaio, um livro sobre Fialho de Almeida, prefaciado por Sardinha. E como explica Luísa Ducla Soares, a editora desta correspondência, Sérgio, instigado pelo brilho do jovem intelectual, tomou a iniciativa de o conhecer, forjando-se uma amizade entre ambos que levaria Chaves para as fileiras da Seara Nova. (aqui)
quarta-feira, novembro 01, 2017
caderninho
«Para o homem sábio toda a terra é utilizável, porque a pátria da alma excelente é todo o mundo».
Demócrito
segunda-feira, outubro 30, 2017
domingo, outubro 29, 2017
sábado, outubro 28, 2017
o enxovalho
Se Portugal defende o direito à auto-determinação dos povos, princípio basilar do direito democrático e da carta das Nações Unidas, não podia nem devia assobiar para o lado quando esse princípio está posto em causa, e há mil e uma maneira de fazê-lo diplomaticamente. Pelo contrário, a forma como os líderes políticos se têm referido ao assunto, para agradar a Madrid, é indecente e indigna. Indecente, porque dão a imagem de um país de rabo alçado; indigna, porque se fossem políticos com princípios, tinham obrigação de nutrir alguma empatia pela vontade de autodeterminação dos catalães, sabendo-se pôr no seu lugar. Porque, se 1640 tivesse corrido mal, como correu aos catalães, poderíamos estar em situação semelhante: depois de séculos de domínio e repressão, prisão e morte dos líderes independentistas, proibição da língua, teríamos hoje de ouvir um primeiro-ministro a dirigir-se-nos em castelhano, a partir de Madrid, a insultar-nos e ameaçar-nos, e toda uma classe política, dum franquista prático como o líder do Ciudadanos a uma nulidade como o secretário-geral do PSOE, a perorar sobre a nossa aspiração à liberdade. Pior: poderíamos estar agora, na eventualidade de a Catalunha, bem sucedida então na guerra de independência, aparecer com líderes simétricos aos nossos, com comentários acintosos, como os vergonhosos proferidos pelo ministro Santos Silva, pessoa que até agora me merecia respeito intelectual.
Neste momento, já nem é vergonha o que sinto pela atitude do governo e do PR; sinto-me enxovalhado por, em nome de Portugal -- também em meu nome, portanto -- se apressarem a dar a Madrid uma solidariedade de que ela não é credora.
Se a situação vier a evoluir no sentido correcto, o da autodeterminação, graças à coragem e perseverança dos catalães, com eles estará a razão da ética e da História (aliás, estará sempre, mesmo em caso de derrota); e quanto a nós ficará a nódoa, que poderá ser remediada ou esquecida, mas nunca apagada.
Se a situação vier a evoluir no sentido correcto, o da autodeterminação, graças à coragem e perseverança dos catalães, com eles estará a razão da ética e da História (aliás, estará sempre, mesmo em caso de derrota); e quanto a nós ficará a nódoa, que poderá ser remediada ou esquecida, mas nunca apagada.
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Catalunha, 27 de Outubro de 2017
Podem arranjar os argumentos que quiserem: a constituição espanhola, a economia, a União Europeia; podem fazê-lo com a simplicidade de quem está de fora e não saiba avaliar o peso da História; podem fazê-lo com o cinismo e a desonestidade intelectual de quem pensa primeiro na bolsa, e depois na bolsa, e só depois na bolsa. Uma coisa é insofismável: esta é uma data histórica em que um povo, desapossado de um estado desde o século XV, se vê restaurado na sua dignidade -- independentemente do que aconteça amanhã. Os castelhanos podem vir por terra, mar e ar, podem sufocar a libertação pelo sangue (mas só pelo sangue). E mesmo que o absurdo prevaleça, mesmo que seja apenas mais uma etapa, nem assim conseguirão apagar este dia.
quinta-feira, outubro 26, 2017
quarta-feira, outubro 25, 2017
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