sexta-feira, março 27, 2015

o livro de Sócrates

Ainda não o li (outras prioridades...). Quanto à nova suspeita vinda hoje a público -- a de que não seria ele o verdadeiro autor, mas um ghost académico --, ela é de todas a mais fácil de impugnar pelo próprio. Ninguém escreve um livro, muito menos uma tese, sem esboços, esquemas, redacções provisórias, etc., etc.
Como também nenhum autor se desfará de tudo o que levou à realização de uma  obra, muito menos da primeira, creio, aguarda-se um irrefutável desmentido.

4 comentários:

Manuel Rocha disse...

Discordo em absoluto dessa reacção paranóica de termos de andar sistemáticamente a provar que somos honestos. Esta deriva para a inversão preventiva do ónus da prova não tem nada de civilizadora. Nem de racional. Até porque não é por não se conseguir provar que Deus não existe que fica demonstrado que ele existe. Isto é uma falácia elementar. E no entanto, andamos enrolados nela.
Cumprimentos,

MRocha

Ricardo António Alves disse...

Compreendo o seu ponto de vista, e até concordo com ele. Mas chegados aqui, criado este ambiente, o melhor é matar logo o assunto.

De resto, e apesar de não ser um livro de ficção, é relativamente fácil, pelo menos para mim, ver se um livro foi efectivamente escrito por determinado autor, sem que se precise de outras provas. (Estou a ver que vou comprá-lo mais cedo do que previ).

Saudações.

Manuel Rocha disse...

Caro R Alves,

No dia em que pela primeira vez tive de me descalçar e deixar-me apalpar para poder entrar num avião, não consegui evitar um sorriso que, se legendado, diria algo assim : " os gajos já ganharam".

Sobre a questão que aqui nos traz, estou quase na mesma. Se de cada vez que um jornal resolver largar uma suspeita precisarmos que o alvo prove inequivocamente que é falsa, estaremos a ser cumplices de dinamicas que mais cedo ou mais tarde acabam por derivar para sociedades opressivas onde a liberdade se transforma num conceito vazio.
Imagine que amanhã outro pasquim qq se lembra a dizer que os filhos de Sócrates não são dele mas de Santos Silva ! Que fazemos? Exigimos textes de ADN ? Onde é que isto acaba ? E no fim, o que é que vai restar da cultura de confiança que deve servir de cimento para manter uma sociedade funcional ?


MRocha

Ricardo António Alves disse...

Não posso deixar de concordar consigo. Mas eu, posta assim em xeque a minha idoneidade intelectual, não deixaria de refutar de imediato a aleivosia (insultando, no mínimo, os autores dela, é claro), apresentando as provas quando entendesse.
Mas não esperaria um minuto para me manifestar. A esta hora, provavelmente,já foi tema de conversa em Paris.